Por conta de algum ajuste da pauta aduaneira, concretamente relacionada com a taxação dos produtos de uso pessoal, nos últimos dias, a Administração Geral Tributária (AGT) esteve, como se diz na gíria, na boca do povo. A medida gerou uma onda de insatisfação e, sendo ou não apenas a única razão, foi declarada a suspensão daquela modalidade de tributação, nova na nossa realidade.
Persigo, incessante, mais um instante para privilegiar o sossego. Para a parte maior da raça humana, pondero tratar-se da necessidade que se vai evidenciando quando a tarde eiva as objectivas da vida. Rastos de águas passadas há muito direccionam o moinho para a preciosidade do tempo.
As imagens de holocausto repetem-se em Gaza. As televisões passam as filmagens de crianças famintas e sem medicamentos em hospitais bombardeados em Gaza. Estão desnutridas e são já pele e osso à espera da morte, a respiração ofegante, enquanto uma mãe ao lado, angustiada, com o coração apertado, em desespero, desabafa ao repórter sobre a situação.
Minutos depois a criança acaba por falecer. A mãe desfaz-se em pranto. Impotente por nada poder fazer para salvar o filho. Foi mais uma criança que faleceu. As notícias falam de uma dezena de crianças que tiveram o mesmo destino nesse dia. Todos os dias há morte de crianças em hospitais em Gaza por falta de medicamentos e de alimentação.
São verdadeiros heróis os que, mesmo sob os constantes bombardeamentos do Exército israelita, não desistem de trabalhar para salvar vidas humanas. Muitos já perderam a vida. Contudo, os poucos que ainda restam, continuam a elevar bem alto a bandeira da assistência médica e humanitária.
As imagens de holocausto repetem-se em Gaza. Israel transformou o Norte em escombros e está a fazer o mesmo no Sul. Nem mesmo os hospitais escapam. A ordem é não deixar pedra sobre pedra. Já são mais de 30 mil as vítimas mortais palestinianas, na maior parte mulheres e crianças.
Todos os dias há funerais. Dos que podem ser resgatados. Sob os escombros, há milhares de mortos que a guerra, os bombardeamentos não permitem que o trabalho de os procurar e encontrar prossiga. Os sobreviventes,muitos transformados em deficientes físicos, enfrentam o caos provocado pela investida militar israelita.
A falta de comida, de água, de medicamentos, de combustível e de electricidade levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a lançar, mais uma vez, um apelo internacional para a situação em Gaza.
As imagens de holocausto repetem-se em Gaza. Gaza e Cisjordânia são verdadeiros campos de concentração. Em Gaza os bombardeamentos no Norte levaram a população a deslocar-se para o Sul. Mas, mesmo aqui, nada está seguro. Os que saíram do Norte, foram obrigados a ir para o Sul e, postos aqui, acabaram por perder parentes em bombardeamentos, não escondem a frustração e a revolta.
Não há câmaras de gás, como nos campos de extermínio nazistas, mas há o mesmo calculismo assassino, que aponta para o objectivo de levar à morte o maior número possível de palestinianos.
As imagens de holocausto repetem-se em Gaza. Quem quer que seja que denuncie o que está a acontecer, torna-se, para o Governo israelita de Benjamin Netanyahu, inimigo. Assim foi tratado o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, assim também foi tratado o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil.
Netanyahu esconde-se na capa do antissemitismo para refutar as críticas e acusar quem as profere de estar contra os judeus e o Estado de Israel. Todavia, manda o mais elementar bom senso dizer que a razão histórica subjacente nessa argumentação - e que Netanyahu sempre invoca - não se compadece com a extrema crueldade que as forças israelitas estão a empregar em Gaza, numa ofensiva militar que os analistas afirmam que está a mostrar ser de eficácia duvidosa.
De facto, a maior parte dos reféns libertados foram-no na sequência de acordo estabelecido com o Hamas e não como resultado de um resgate efectuado pelo exército. Alguns acabaram por ser mortos, vítima dos próprios bombardeamentos israelitas.
Espera-se que Israel e o Hamas cheguem, ainda esta semana, antes do início do Ramadão, a 10 de Março, a um novo acordo de cessar-fogo, desta vez de seis semanas, para uma nova troca de prisioneiros. Um acordo de cessar-fogo que tanto os Estados Unidos como a União Europeia vincaram como sendo absolutamente necessário, através da Vice-Presidente Kamala Harris e do chefe da diplomacia, Josep Borrell, respectivamente.
Estados Unidos e União Europeia sabem que Israel caminha, em Gaza, para uma situação que está a tornar-se, a cada dia que passa, cada vez mais insustentável; que desafia os frágeis equilíbrios que permitem a estabilidade regional e pode comprometer de forma muito séria as relações com os parceiros do mundo árabe.
As imagens de holocausto repetem-se em Gaza. Não é possível ficar indiferente a elas e esperar que não venham a ter consequências futuras. Se a acção do Hamas de 7 de Outubro é condenável, o direito à legítima defesa de Israel não pode tudo justificar, até mesmo a repetição do holocausto. Não pode justificar a morte em massa de civis porque Israel não conseguiu, ao fim de mais de quatro meses de combates, exterminar, como prometeu, a liderança desse grupo militar palestiniano.
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