Em diferentes ocasiões, vimos como o mercado angolano reage em sentido contrário às hipóteses académicas, avançadas como argumentos para justificar a tomada de certas medidas no âmbito da reestruturação da economia ou do agravamento da carga fiscal.
O conceito de Responsabilidade Social teve grande visibilidade desde os anos 2000, e tornou-se mais frequente depois dos avanços dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Portanto, empresas socialmente responsáveis nascem do conceito de sustentabilidade económica e responsabilidade social, e obrigam-se ao cumprimento de normas locais onde estão inseridas, obrigações que impactam nas suas operações, sejam de carácter legal e fiscal, sem descurar as preocupações ambientais, implementação de boas práticas de Compliance e Governação Corporativa.
Assimilação, referem dicionários, significa, por exemplo, absorção de línguas, vocábulos soltos, originários de neologismos, com frequência com significações diferentes, até opostas, mas estende-se a outros sectores, como o dos costumes, gerando, igualmente, formas diversas de estar.
A interligação entre povos - qual deles, uns mais, outros menos, naturalmente, não viveu ou vive aquela experiência, de cruzamento de palavras e hábitos? - regista, como tudo na vida, lados positivos e negativos.
Angola, pela posição geograficamente estratégica que tem, outrossim pelas riquezas à mostra, a que se juntam as subterrâneas, constituiu sempre filão apetecível para as chamadas "grandes potências” avaliadas mais pelo que pilhavam do que realmente tinham delas próprias.
Angola, ainda hoje, 48 anos após a proclamação da Independência - para uns quantos, cada vez menos, parece, em simultâneo e paradoxalmente, ter sido ontem e há tanto tempo consoante os sonhos realizados e aqueles que continuam quimeras - sofre ainda hoje dos actos de selvajaria dos "civilizadores”.
Esclavagismo e esclavagistas, convém sacudir memórias a desconhecedores e esquecidos, chegaram, até nós, muito antes do acordo de Berlim, que oficializou a força do poder dos signatários daquela combina pirata, perante o poder da razão dos povos africanos As chagas causadas pela conhecida e triste acção criminosa ocidental permanecem abertas à espera de serem saradas... se é que alguma vez isso vai suceder. Pelo contrário, os sinais visíveis, na generalidade do Continente, não perspectivam modificações positivas de vulto. Fome, miséria e morte, designadamente entre crianças, estão em crescendo. Também as promessas de investimento dos novos "senhores do mundo”. Que, cada vez mais, ao contrário dos de décadas recentes, usam "falinhas mansas” e oferecem viagens a países modelos que os agraciados podem replicar no regresso às terras de origem. Como se tudo fosse assim tão simples! Como se cada continente, cada país, não tivesse características próprias ditadas por climas, vegetações, faunas. A que se juntam habitação e alimentação, qualquer destas últimas com origens ancestrais. Alterá-las, como sucede tantas vezes, é substituir, uma vez mais, a força da razão pela razão da força. É escravizar o óbvio pela assimilação importada.
África, toda ela, continua a ser filão apetecível, até por demasiado exposta à cobiça. Imagens dos televisores, falas das rádios, escritos dos jornais, mais as redes sociais em todas aquelas vertentes, não a deixam escondida, ao invés, destapam-na. Mais grave é, por norma, ser notícia pelas piores causas, sem se explicar o porquê. Telespectadores, radiouvintes, leitores, frequentadores e afins das "novas tecnologias”, parte deles desinformados, tomam como verdade tudo o que lêem, vêem, ouvem e com frequência propagam.
África continua a ser veio cobiçado pelos "senhores do Mundo”, que se apresentam, agora, com fardamenta diferente. Substituíram caqui, ganga e sarja, por linhos e sedas; as botifarras de couro cru ou lona, por sapatos de última moda lá nas paragens deles. Não conseguem, todavia, encobrir objectivos que norteiam qualquer negociante.
África mudou, continua a mudar, todos os dias, de feição. E isso não se deve somente aos actuais "senhores do mundo”, cujos objectivos, são idênticos aos que os antecederam, independentemente das farpelas e das poses. Pior é a fauna dos que procuram imitá-los no verbo, posturas e fatiotas. São os novos assimilados, mas numa versão pior. Desde logo, por não serem obrigados. Pelo contrário fazem-no para agradar a quem, imaginam, lhe pode abrir a porta de uma cargo, de preferência de não fazer nada, ter direito a gabinete climatizado, viatura, casa, viagens periódicas para acções de formação ou apenas integrar parte de comitivas empresariais.
Aqueles são os novos assimilados em África, que a enfraquecem dia-a-dia, pondo-a, nas "bocas do mundo” pelas piores razões. São caxicos daqueles que os mandam, por exemplo, desviar leitos de rios, atulhar lagoas, desfazer lavras. Para quê? Para exploração de diamantes vendidos, muitas vezes bem longe do local do roubo, por redes de criminosos contrabandistas.
Angola conhece, por experiência própria, toda aquela teia de crimes e dramas que os negócios dos diamantes causam e continuam a fazê-lo. Pelo meio, saliente-se outra vez, está a trupe dos novos assimilados, inúteis à Pátria, apenas veneradores de dinheiro que lhes cai nas contas de modo indevido.
Assimilados e assimilações há os de vários graus, entre os quais perigosos, mas, igualmente, inofensivos, que se ficam, geralmente, pela culinária e neologismos.
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