Em diferentes ocasiões, vimos como o mercado angolano reage em sentido contrário às hipóteses académicas, avançadas como argumentos para justificar a tomada de certas medidas no âmbito da reestruturação da economia ou do agravamento da carga fiscal.
O conceito de Responsabilidade Social teve grande visibilidade desde os anos 2000, e tornou-se mais frequente depois dos avanços dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Portanto, empresas socialmente responsáveis nascem do conceito de sustentabilidade económica e responsabilidade social, e obrigam-se ao cumprimento de normas locais onde estão inseridas, obrigações que impactam nas suas operações, sejam de carácter legal e fiscal, sem descurar as preocupações ambientais, implementação de boas práticas de Compliance e Governação Corporativa.
A questão da infra-estrutura moderna e de alta velocidade, assim como a inteligência artificial (IA) continuam a ser temas absolutamente fulcrais no desenvolvimento tecnológico e os factores mais importantes da 4ª Revolução Industrial associados à tecnologia 5G, considerada a quinta geração da velocidade de comunicação e que, ao ser implementada, vai revolucionar os processos tecnológicos de tal forma que surgirão alterações muito significativas na forma como comunicamos e gerimos a informação.
A questão da inteligência artificial é cada vez mais importante, por ser um campo da ciência da computação dedicada ao estudo e ao desenvolvimento de máquinas e programas computacionais, trazendo maior competitividade entre os países, e torna-se o epicentro atendendo o facto de muitos países ainda não terem passado pela 2ª revolução industrial, muitos deles em África, América Latina e Ásia.
Como esses países irão absorver os ganhos da 4ª Revolução Industrial? Sabendo que alguns estão numa fase de diversificação económica, implantação da indústria transformadora, etc, essa questão é muito importante, pois, existem correntes que afirmam que a 4ª Revolução Industrial pode aumentar ou agravar o grau de desigualdades entre países, sociedade e grupos na medida em que os mais pobres não podem aceder aos benefícios directos das novas tecnologias, e ter acesso, apenas, os países mais ricos.
A Organização Mundial do Trabalho previu que, no período pós pandemia da Covid 19, as economias serão impactadas por megatendências, como por exemplo, a digitalização, tendências essas que se tornaram mais evidentes com o aparecimento da pandemia.
A pergunta que se coloca a nível do continente africano é saber que países estão mais bem preparados para enfrentar o cenário que está prestes a eclodir, e que opções e caminhos foram definidos para que África possa realmente perseverar.
É necessário operar o choque cultural das elites africanas sobretudo aquelas que estão fortemente ligadas à transformação social, como as políticas académicas e empresariais, porque só com o aporte das mesmas, poderemos realizar o ajuste mental suficiente para realizar a transformação tecnológica.
Daí, destacar as medidas de políticas que foram implementadas pelas economias avançadas, principalmente a nível da digitalização, um pouco por todo o mundo. São visíveis os programas de apoio e fomento à digitalização das referidas economias, que querem ver implementada a tecnologia 5G.
O mercado nacional sofreu alterações com a entrada do 3º operador móvel que já conquistou cerca de 15% do mercado, abrindo um campo de maior competitividade entre os operadores.
Nesta perspectiva, aspectos como a qualidade dos serviços e educação têm maior visibilidade. A questão da fraca qualificação dos trabalhadores é um tema que se enquadra nos aspectos estruturais e, só com uma força humana bem educada e qualificada, se poderá vencer os desafios que se colocam aos países do ponto de vista da competitividade e aumento do nível de produtividade.
O desempenho deste sector está acoplado à aceleração tecnológica, com a alteração dos modelos de negócios e esperam-se resultados interessantes na economia e na vida dos cidadãos, que irão experimentar novos serviços.
Um dos obstáculos ao crescimento das empresas deste sector prende-se com a ineficiência da infra-estrutura, porque sem a adequação da mesma torna-se difícil aumentar a produtividade e a competitividade.
Para além de outros entraves, como os que se relacionam com as condições de negócios existentes, no geral, as empresas africanas têm pago facturas elevadas com os custos indirectos derivados da obsolescência da infra-estrutura que rondam os 30% da estrutura de custos. Este ónus retira-lhes a capacidade de se tornarem mais competitivas retirando as margens de lucro.
Assim, podemos observar o peso excessivo que as mesmas incorrem em termos de custos de transporte, instalação, distribuição, em muitos casos incompatíveis com a rentabilidade esperada.
Portanto, é crucial apostar na melhoria do ambiente de negócio e promover a captação de investimento estrangeiro, fora dos sectores tradicionais, uma vez que, nas últimas décadas, o investimento estrangeiro dirigiu-se particularmente para o sector mineral, ignorando outras áreas de investimento com um potencial extraordinário de desenvolvimento.
A utilização de tecnologias avançadas também trazem riscos e perigos às pessoas e processos de actividades. Por exemplo, a questão da desinformação é um problema que não se encerra apenas nas redes sociais, mas sobretudo em toda a esfera mediática, em que a inteligência artificial pode funcionar na proliferação e divulgação de informações não fidedignas ao serviço de clientes, fornecedores, público em geral e outros.
A excessiva utilização de processos de inteligência artificial em tarefas humanas pode reduzir o contacto personalizado em determinados serviços e profissões, afectar, de certa forma, a redução dos níveis de auto-estima pessoal, aumentar o grau de isolamento dos indivíduos e, por outro lado, enfraquecer o interesse pela procura de novos conhecimentos e capacitação profissional.
*Economista
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LoginA ideia segundo a qual Portugal deve assumir as suas responsabilidades sobre os crimes cometidos durante a Era Colonial, tal como oportunamente defendida pelo Presidente da República portuguesa, além do ineditismo e lado relevante da política portuguesa actual, representa um passo importante na direcção certa.
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