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Cuangar sem registo da campanha de vacinação do gado bovino há três anos

A não realização de campanhas de rotina de vacinação do gado bovino, contra peripneumonia contagiosa bovina, dermatite nodular, carbúnculo hemático e sintomático, há mais de três anos, no município do Cuangar, província do Cuando Cubango, está a provocar a morte de muitos animais e criar inúmeras dificuldades aos criadores.

09/03/2024  Última atualização 09H15
© Fotografia por: DR

A equipa de reportagem do Jornal de Angola, saiu às ruas e ouviu alguns criadores de gado do município do Cuangar que foram unânimes em afirmar que esta situação tem causado anualmente a morte de centenas de cabeças de gado e muitos criadores estão a ficar sem os seus animais.

O criador de gado, João Muinga disse que por falta de vacinação dos seus animais, contra a peripneumonia contagiosa bovina, dermatite nodular, carbúnculo hemático e sintomático, no ano transacto perdeu duas cabeças de gado. Caso não se resolva a situação, as mortes poderão ocorrer com maior frequência.

João Muinga realçou que as campanhas de vacinação contribuem para se evitar o surgimento de doenças e consequentemente a morte da população bovina. Quando surge uma doença na população bovina, recorre ao país vizinho da Namíbia para a compra de antídotos para administrar ao gado, cujos preços rondam em cerca de 700 rands, equivalente a 50 mil kwanzas.

"Não temos campanha de vacinação há mais de três anos e como se não bastasse, a nível da província não existe nenhuma clínica veterinária, onde podemos adquirir vacinas, ou antídotos em caso de doenças do gado, o que nos obriga a deslocarmo-nos para a Namíbia em busca de socorro”, disse.

Para a criadora de gado, Josefina Marcela, a par da falta de vacinas para o gado bovino, os criadores destes animais a nível do Cuangar, debatem-se ainda com a falta de chuvas, tendo em conta que o pasto fica totalmente seco, o que dificulta a alimentação do gado.

"O capim quando está muito seco, somos obrigados a percorrer longas distâncias à procura de melhores pastos para os animais comerem e água para beberem. Quando isto não acontece podem morrer de fome ou sede”, disse a criadora. 

Josefina Marcela disse os bois têm comido de tudo um pouco, até plástico quando não há um pasto em condições e isso faz com que tenham várias doenças, principalmente com sintomas de sarna ou borbulhas em todo o corpo.

Disse que pasta bois por não ter marido e nenhum filho gosta de fazer este trabalho. Quando os animais estão doentes recorre à Namíbia para comprar antídotos para que os mesmos não morram por falta de vacinação, situação que já perdura há mais de três anos.

"Temos animais, mas não temos vacinas, por isso sofremos, uma vez que estamos há três anos sem vacinas e por conta disso temos perdido muitos animais”, disse. Acrescentou que felizmente não perdeu nenhuma cabeça de gado.

Por seu turno, Zacarias Muchongo, considerou que os bois são a maior riqueza do povo do Cuangar e ao vê-los a padecer por falta de vacinação frustra a mente de qualquer criador de gado.

Zacarias Muchongo disse que por falta de vacinação do gado e para que os seus animais não fiquem enfermos vai mata adentro em busca de algumas raízes de árvores, que depois de trituradas põem num recipiente com água para que os bois possam beber quando estiverem no curral.

Disse ainda que por falta de chuvas, há pouco pasto e os bois não se alimentam em condições, a par disto, o sol intenso que assola a região, tem prejudicado os animais que dia, menos dia, têm estado a emagrecer e já não têm mais soluções à vista.

Na ocasião, o criador de gado apelou ao Governo do Cuando Cubango a trabalhar para a recuperação das mangas de vacinação de gado no município do Cuangar que se encontram a se degradar devido ao estado de abandono há mais de três anos.

Condições criadas

O administrador do município do Cuangar, Ernesto Cativa, garantiu que todas as condições estão a ser criadas para que este ano, possa se arrancar com o programa de vacinação do gado bovino, que por falta do mesmo, muitos criadores perderam os seus animais.

Ernesto Cativa disse que a nível do município do Cuangar existem mais de oito mil cabeças de gado e durante o ano em curso, prevê-se vacinar mais de 70 por cento da cifra referenciada.

Disse que ao longo da orla fronteiriça foram criadas todas as medidas de contenção para que não haja circulação animal de um lado ao outro, de forma que não haja propagação de algumas doenças do fórum animal nos municípios do Calai, Dirico e Rivungo.

Admitiu, no entanto, não existir casos de carne imprópria para o consumo humano, por parte de muitos populares, visto que os criadores de gado quando notam que um animal está bastante debilitado, abatem-no e enterram.

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