Economia

Desafios, Conflitos e as Oportunidades para lá da Cortina (I)

Rui Malaquias

Economista e Mestre em Finanças

Que 2024 será um ano complicado e desafiador todos já percebemos, pois as alterações climáticas nunca se mostraram tão repulsivas para as economias mundiais e para a tão necessitada “revolução industrial” dos países em desenvolvimento. Não nos esqueçamos que estes países ainda precisam colocar as suas economias num estágio em que, a mão-de-obra seja o centro do processo produtivo, promovendo o equilíbrio entre a tecnologia de ponta e a maquinaria pura, portanto, e como se diz em muitas paragens, “África e os países em desenvolvimento ainda não poluíram a sua parte”.

16/02/2024  Última atualização 12H45
Revolução industrial © Fotografia por: DR
O conflito entre a Rússia e a Ucrânia (e todo Ocidente) vai mudar a geografia geopolítica mundial, pois vai relançar um novo equilíbrio de forças em que a Rússia e os seus aliados na sombra (China, India, Irão e Korea do Norte, Brasil, Africa do Sul e todos aqueles que se sentem explorados pelo Ocidente), vão criar uma nova ordem mundial, que também deverá, e já está a influenciar o comércio internacional.

Este novo equilíbrio vai resultar na criação de novas alianças e assim novos mercados, em que os países com matérias-primas e mão-de-obra mais barata terão vantagens sobre os outros países, que serão forçados a desmaterializar fábricas das suas fronteiras na busca de estruturas de custo mais "magrinhas” e consolidação de mercados virgens, bem longe dos mercados saturados do Ocidente.

A guerra no Médio Oriente é o mais preocupante dos conflitos, pois já deixou de ser uma guerra regional, passou a se assumir como intergeracional, vai se tornar no conflito de orgulho e afirmação do mundo árabe contra o modo de vida ocidental e tudo que este mundo representa.

Já é evidente que a guerra, há muito que já deixou as fronteiras da palestina e já chegou aos países à volta, Siria, Libano, Iraque, Irão e ao Mar Vermelho, onde os Houthis do Iémen em defesa e solidariedade com o povo da Palestina, está a bombardear navios ocidentais que trafegam naquela rota de suma importância. Na verdade, estamos a assistir o Ocidente por causa de Israel, a abrir mais uma frente de combate em que está, igualmente, sozinho, sem o apoio do resto do mundo. Na prática, o Ocidente está a colocar em risco ele próprio o modo de vida e modelo de crescimento económico que criou e submeteu todos os outros países a tal modelo.

Já se percebeu que a tendência é o Ocidente ficar cada vez mais isolado e fechado no seu modo de vida esgotado com custos de produção mais elevados, uma inteligência artificial (IA) que apenas vai agravar a diferenças entre aqueles povos, deixando aqueles nativos ocidentais com menos instrução, a mercê de discursos xenófobos, extremistas e de direita radical, que hostilizam a mão-de-obra não ocidental que suporta a base daquelas economias. A instabilidade no Mar Vermelho, que é apenas uma das mais importantes  rotas comerciais do mundo, deve afectar mais 40% do comércio entre a Europa e a Ásia, o que encarece as trocas comerciais abrindo a possibilidade para novos fornecedores com menores riscos e custos introduzirem suas matérias-primas.

Efectivamente, já há efeitos, o preço do barril de petróleo nos mercados internacionais, já atingiu a barreira psicológica dos USD 80,00 em Janeiro deste ano, pois aquela rota é responsável por 12% do transporte de petróleo e 8% do gás liquefeito. O facto, da própria Europa, ter de importar petróleo e gás de países do Médio Oriente, desde que impôs sansões à Rússia, faz com que ambos os conflitos, cada vez mais prolongados no tempo, apenas destruam as economias europeias e encareçam a vida dos povos europeus.

De acordo com o Banco Mundial, a economia da Africa Subsaariana em 2023 de uma estimativa de crescimento projectada em Junho do mesmo ano, em que se previa um crescimento de 3,2%, cifrou-se em 2,9%, sendo que tal desaceleração deveu-se ao desempenho  deficiente das três maiores economias da região, Nigéria, Africa do Sul e Angola que em média cresceram apenas 1,8% em 202, travando assim o crescimento global da região.

Estas três maiores economias da Africa Subsaariana tiveram desempenhos negativos por razões diversas que reflitam os problemas enfrentados e combatidos de acordo com as especificidades das próprias economias. O fraco crescimento da Nigéria, de apenas 2,9%, esteve relacionado com razões de origem monetária que envolveu a mudança de cédulas de maior valor monetário por cédulas de menor valor monetário, quanto à Africa do Sul, com um fraco crescimento de apenas 0,7% deveu-se a factores ligados  à crise energética e dos transportes.

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