Em diferentes ocasiões, vimos como o mercado angolano reage em sentido contrário às hipóteses académicas, avançadas como argumentos para justificar a tomada de certas medidas no âmbito da reestruturação da economia ou do agravamento da carga fiscal.
O conceito de Responsabilidade Social teve grande visibilidade desde os anos 2000, e tornou-se mais frequente depois dos avanços dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Portanto, empresas socialmente responsáveis nascem do conceito de sustentabilidade económica e responsabilidade social, e obrigam-se ao cumprimento de normas locais onde estão inseridas, obrigações que impactam nas suas operações, sejam de carácter legal e fiscal, sem descurar as preocupações ambientais, implementação de boas práticas de Compliance e Governação Corporativa.
A situação agudizou-se nos dias que correm, devido a um alerta curto e grosso do exPresidente e pelos vistos futuro Presidente norte americano Donald Trump, dizendo que os países que não pagarem as suas contribuições ou não fizerem os investimentos militares acordados pela organização, que se cifram em 2% do PIB de cada país, não serão protegidos pelos EUA em caso de ataque russo.
Todo mundo sabe que industria militar americana, que é privada, investe rios de dinheiro em tecnologia e inovação militar e este investimento deve ter retorno, na prática, os países da OTAN são o seu mercado preferencial. Quando os EUA obrigam os seus "pseudo aliados” a investir em capacidades militares, está na verdade a obriga-los a comprar na sua própria indústria, está a criar um mercado perfeito para os seus investidores privados.
Mostra-se uma estratégia muito inteligente dos americanos, que conseguem manter a guerra fora das suas fronteiras e ainda conseguem manter aquecida a sua economia e de esquebra, mantêm uma dependência eterna em termos dos serviços de inteligência e combate ao terrorismo e fornecimento de material de guerra sobre os seus aliados/clientes da Europa.
O que se pode facilmente depreender é que o desenho geopolítico mundial está intimamente ligado à conjuntura económica. e isso faz com que as alianças se tornem em relações obscuras e de subserviência, pois convém aos EUA manter a Europa como dependente das suas vontades, desde que estes comprem na sua "loja”.
Tal como convém aos países mais avançados da União Europeia, manter a relação de superioridade sobre os mais atrasados porque terão sempre mercado para os seus produtos, impondo regras ao seu favor.
Por lado, mas até ver, convém aos países europeus não gastar os próprios recursos para financiar a guerra na Ucrânia ou num futuro conflito com a Rússia, com a China ou coma Korea do Norte. pois os recursos são poucos e as eleições também são pra ser ganhas nos seus países.
Da mesma forma que hoje convém aos países mais atrasados da União Europeia,ficar a espera dos fundos comunitários para manter as suas políticas de salários baixos e uma politica social assistencialista. Os próximos meses serão muito produtivos em termos de ajustamentos geopolíticos, pois a Rússia que também está a fazer um esforço militar considerável, apesar de parecer estar claramente melhor preparada que os países aliados da Ucrânia, também tem de importar capacidades militares da China, Coreia do Norte, Irão e India, bem como precisa de manter relações comerciais com estes mesmos países,com Africa e América Latina, para poder contornar as sanções que lhe foram impostas pelo bloco ocidental.
Assim
teremos aliados de circunstancia que vão ditar o xadrez geopolítico mundial,
sempre condicionados pela componente económica, cabendo a cada governo estudar
bem o seu próximo movimento, antecipando sempre dois ou mais movimentos do seu
oponente, e países como o nosso, que na verdade são verdadeiros observadores da
luta dos elefantes, devem escolher bem as suas alianças, mesmo sendo elas
descartáveis e momentâneas, para que no fim do dia seja possível manter aberta
a porta do investimento estrangeiro e dos mercados externos.
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LoginA ideia segundo a qual Portugal deve assumir as suas responsabilidades sobre os crimes cometidos durante a Era Colonial, tal como oportunamente defendida pelo Presidente da República portuguesa, além do ineditismo e lado relevante da política portuguesa actual, representa um passo importante na direcção certa.
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