Por conta de algum ajuste da pauta aduaneira, concretamente relacionada com a taxação dos produtos de uso pessoal, nos últimos dias, a Administração Geral Tributária (AGT) esteve, como se diz na gíria, na boca do povo. A medida gerou uma onda de insatisfação e, sendo ou não apenas a única razão, foi declarada a suspensão daquela modalidade de tributação, nova na nossa realidade.
Persigo, incessante, mais um instante para privilegiar o sossego. Para a parte maior da raça humana, pondero tratar-se da necessidade que se vai evidenciando quando a tarde eiva as objectivas da vida. Rastos de águas passadas há muito direccionam o moinho para a preciosidade do tempo.
Num mundo onde os corações encontram-se e perdem-se com a mesma facilidade, a saga dos relacionamentos rompidos torna-se um terreno fértil para reflexões e, não raro, para a controvérsia. Cada término carrega a sua história, as suas mágoas e, surpreendentemente, as suas esperanças.
Mas o que leva alguém a tentar reconquistar um amor perdido? Seria a genuína saudade da felicidade partilhada ou a angustiante percepção de não encontrar alguém que preencha aquele vácuo deixado?
Dizem que os homens, ao buscarem reatar os laços de um amor que se desfez, são movidos pela falta daquela felicidade que, um dia, foi a sua companheira constante. Não se trata de uma inabilidade de encontrar novas parcerias, talvez até mais promissoras, mas de um desejo sincero de reviver os momentos de alegria vividos ao lado de quem agora parece mais uma lembrança distante. Essa busca, muitas vezes tida como um gesto de coragem, é na verdade uma jornada em direcção ao que já foi conhecido e amado.
Por outro lado, as mulheres, ao darem passos na mesma direcção, frequentemente são vistas sob uma luz diferente. Argumenta-se que a motivação para tal empreitada não é a saudade, mas a frustração de não ter encontrado alguém que supere o antigo amor. Uma espécie de rendição, não ao passado, mas à dificuldade de encontrar no presente alguém que realmente valha a pena. Como se a tentativa de reconciliação fosse menos um acto de amor e mais uma confissão de derrota diante do desafio de encontrar um novo parceiro à altura.
Mas, será essa verdade tão simples quanto parece? Ou será que, ao tentarmos encaixar homens e mulheres em categorias tão distintas, ignoramos a complexidade dos sentimentos humanos? Afinal, corações partidos não seguem regras universais e cada tentativa de reconciliação esconde, nas suas entrelinhas, uma história única.
Neste cenário, a controvérsia instaura-se não apenas entre géneros, mas entre ideias e preconceitos. Enquanto alguns vêem na reconciliação um gesto nobre de amor e persistência, outros enxergam fraqueza ou até mesmo desespero. Mas, no fundo, talvez o que todos busquem seja apenas a chance de reescrever as suas histórias, de dar a si mesmos uma nova oportunidade de serem felizes, independentemente das razões que os levaram a esse ponto.
A verdade é que, em questões de amor, não há verdades absolutas. Cada um traz em si uma razão, um motivo, uma saudade ou uma esperança. E enquanto as opiniões se dividem e as controvérsias se multiplicam, a vida segue, imprevisível e desafiadora, convidando a todos para mais um capítulo nesse eterno aprendizado que é amar e ser amado.
28/02/2024
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