Economia

Estação Experimental Agrícola do Namibe aumenta a produção

João Upale | Moçâmedes

Jornalista

A Estação Experimental Agrícola do Namibe (EEAN), projecto que explora uma área de 34 hectares nos arredores de Moçâmedes, dos quais quatro reservados a florestas e infra-estruturas, está a obter resultados satisfatorios na produção de bata-doce.

03/02/2024  Última atualização 12H21
Projecto os agricultores da estação têm contado com o apoio de técnicos estrangeiros, a mecanização agricola tem acelerado a produção de bens © Fotografia por: Edições Novembro
O tubérculo está a ser cultivado numa área de quatro hectares, com 26 variedades de batatas, das quais 1,5 de mandioca com 36 variedades, todas destinadas à produção de sementes melhoradas.

Os dados foram prestados pelo director da Estação Experimental Agrícola, Marcos dos Santos, aquando da deslocação do ministro da Agricultura e Florestas, António de Assis, àquela unidade produtiva da província do Namibe, de 22 a 26 de Janeiro.

O director da Estação  realçou que existem dois projectos, dos quais um relacionado ao Fresan/Ca- mões, I.P,  na  sua missão de resiliência da segurança alimentar e nutricional no Sul de Angola, nomeadamente na adaptabilidade e na multiplicação de sementes das principais culturas alimentares na região. A Fresan /Ca- mões assiste tecnicamente a estação, com um financiamento  estimado em  400 mil euros,  e o outro parceiro é APSSA, a agência que tem levado a cabo as actividades na instituição.

Marcos dos Santos explicou que o objectivo da parceria entre a Estação, a Fresan e o APSAA é criar uma cadeia de fornecimento de sementes aos camponeses. A Estação Experimental Agrícola apresentou o milho do tipo  ZM309 e algumas variedades de mandioca produzidas no local. A recuperação e construção de mais um reservatório consta nas recomendações do ministro António de Assis, tendo aconselhado para  também se  produzirem mudas de oliveiras, que vão servir para os diversos estudos a nível dos técnicos que estão a ser formados.

  O responsável da instituição lembrou que o investimento da Fresan foi um apoio institucional, que já resultou na  recepção de  um tractor de 75 KA, um escarificador, uma debulhadora e um pulverizador tractorizado. Informou que quase todos os municípios já se beneficiaram, em média, de cinco toneladas da produção da Estação Experimental Agrícola do Namibe, que teve início em 2020.

Impacto das lavras familiares no rendimento

A assistência técnica do    FRESAN/Camões, I.P , atingiu também  a localidade do Giraúl de Cima, arredores de Moçâmedes,  com uma  intervenção no terreno do Projecto Ma Tuningi. Nas lavras familiares da localidade regista-se um impacto "extremamente positivo”.  Durante a visita efectuada ao projecto, a embaixadora da União Europeia em Angola, Rosário Bento Pais, fez uma avaliação que considerou  "positiva” em relação a este projecto multidisciplinar, que engloba a segurança alimentar e nutricional, em particular com crianças menores de 5 anos, que é a fase mais importante da vida,  para o desenvolvimento físico e mental da criança

Em declarações ao Jornal de de Angola, Rosário Bento Pais assegurou que eles têm ali um potencial para mostrar que foi possível demostrar com este projecto que "é possível haver aqui produção agrícola e de qualidade, e de uma forma sustentável”, uma vez que o impacto tem sido "positivo”, porque fez com que as pessoas começassem. Aí elas têm trabalho, rendimento e comida, e sobretudo a parte nutricional é muito importante, porque tem que ver também com a investigação de plantas e sementes que sejam adaptáveis ao solo e ao clima. Referiu ser  outro elemento deste projecto a adaptação às alterações climáticas.

Em termos de financiamento, a embaixadora revelou que (o projecto) é de 65 milhões de euros, financiados pela União Europeia. O projecto, que começou em 2018, era para terminar agora, "mas houve alguns atrasos no início, portanto o projecto foi estendido até ao ano que vem”.

O projecto está centrado realmente na agricultura familiar, e já deu formação às senhoras para poderem aproveitar e reaproveitar aquilo que não conseguem vender e escoar, e estão a fazer a transformação em doces, em compotas e em conservas e com isso já vão poder vender e se o fizerem em grandes quantidades, podem escoar, aclarou a embaixadora Rosário Bento Pais.

Embaixador valoriza projecto

O embaixador de Portugal em Angola, Francisco Alegre Duarte, disse que, o Fresan é um programa fundamental aqui no Sul de Angola, em virtude das alterações climáticas, dos novos desafios para a agricultura e para a nutrição destas populações.

Informou que o  objectivo do Fresan é deixar as sementes em termos de construção do saber, da capacitação, para que as populações e as instituições angolanas se autonomizem o mais depressa possível,” e para que este desafio face às alterações climáticas e à seca, à transumância neste contexto, à capacidade destas sementes resistirem e se adaptarem ao terreno, os avanços científicos começam a surgir no terreno, e tudo isso se conjuga, para perdurar no futuro. "É isso que nós queremos”, argumentou.

Quanto à eventual perspectiva de estender o projecto para as outras vertentes, como por exemplo, a da área da pecuária, o embaixador Francisco Alegre Duarte sustentou que isso também vai ser discutido, uma vez estarem abertos em diálogo com o Governo angolano, que obviamente é quem lidera e quem tem que se apropriar. "Portanto, estamos abertos, vamos discutir, mas uma coisa de cada vez”, disse.

A deslocação da delegação de alto nível ao Namibe chefiada pelo ministro da Agricultura e Florestas, António Francisco de Assis, mormente no âmbito do Fresan, teve por objectivo fazer o ponto de situação sobre a implementação do Fresan, com destaque para os principais resultados do último trimestre.

Em suma, a União Europeia financia o Programa de Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola (FRESAN) com 65 milhões de euros no período de 2018-2025. Trata-se de uma iniciativa conjunta com o Governo angolano para reduzir a fome, pobreza e vulnerabilidade das comunidades afectadas pela seca nas províncias do Cunene, da Huíla e do Namibe, no Sul de Angola.

Ao longo de mais de 30 anos, a União Europeia manteve-se o maior doador em Angola e apoiou o desenvolvimento do país, através do financiamento de projectos nos mais diversos sectores de actividade. O combate à pobreza e a protecção do meio ambiente constituem prioridades da União Europeia na cooperação com os países terceiros.  

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