Por conta de algum ajuste da pauta aduaneira, concretamente relacionada com a taxação dos produtos de uso pessoal, nos últimos dias, a Administração Geral Tributária (AGT) esteve, como se diz na gíria, na boca do povo. A medida gerou uma onda de insatisfação e, sendo ou não apenas a única razão, foi declarada a suspensão daquela modalidade de tributação, nova na nossa realidade.
Persigo, incessante, mais um instante para privilegiar o sossego. Para a parte maior da raça humana, pondero tratar-se da necessidade que se vai evidenciando quando a tarde eiva as objectivas da vida. Rastos de águas passadas há muito direccionam o moinho para a preciosidade do tempo.
No último dia 26 de janeiro de 2024, o Tribunal de Haia tomou uma decisão relativa à acusação da África do Sul contra Israel por causa do genocídio que está a ser realizado em Gaza pelas forças sionistas, que deve ser considerada um inegável avanço moral e jurídico internacional.
Diga-se, pois: foi uma meia vitória jurídica e moral e uma meia derrota humanitária.
O significado disso também é duplo: por um lado, a decisão do Tribunal de Haia confirma que o regime sionista de Israel está a perder a batalha da opinião pública mundial; e, por outro, o poder financeiro, mediático e militar do Sionismo continua forte, escudado no apoio assumido dos Estados Unidos, mas também no crescimento da extrema direita no mundo ocidental, únicas razões que explicam o prosseguimento da guerra assumidamente desproporcional levada a cabo por Tel Avive no território de Gaza (militarmente, não há nenhuma explicação para que, ao invés de buscar os grupos do Hamas responsáveis pelos ataques de 7 de Outubro, as forças sionistas bombardeiem e ataquem, de modo indiscriminado, sobretudo civis, com destaque para crianças e mulheres).
A verdade é que o regime sionista acusou o toque (a decisão dos juízes do Tribunal de Haia). A comprová-lo, o Primeiro-Ministro, Benjamin Netanyahu, afirmou, no sábado, 27 de Janeiro, considerado o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, que a decisão do referido tribunal significa que (cito de memória) "muita gente ainda não entendeu o significado do Holocausto”.
O cinismo não é, no caso, nenhuma novidade, pois esse recurso - posar de vítima, para encobrir e/ou justificar os seus crimes - é verdadeiramente definidor e estruturante da estratégia de afirmação nacional do Sionismo e do Estado de Israel. A própria criação do referido Estado e a sua implantação, pela Grã-Bretanha, no território histórico da Palestina, baseou-se nesse autêntico - vou usar uma expressão popular caluanda – "truque de bandido”.
Mas, a principal manobra de diversão (até prova em contrário, é legítimo considerá-la assim) de Israel e dos seus protectores e mentores é a acusação a doze funcionários da agência da ONU para apoio aos refugiados palestinos - UNRWA - de terem participado nos ataques do Hamas de 7 de Outubro de 2023.
O Hamas, obviamente, desmentiu-o e, quanto à ONU, iniciou imediatamente um inquérito para apurar a veracidade das acusações. É o que deve ser feito em situações do género.
Sintomaticamente, porém, nove países ocidentais não esperaram um dia sequer pelas conclusões desse inquérito, anunciando a suspensão das suas contribuições financeiras à UNRWA. São eles: Estados Unidos, Itália, Canadá, Austrália, Reino Unido, Países Baixos, Finlândia, Alemanha e França.
Sim, caros leitores, entenderam bem: antes de qualquer conclusão, comprovando (ou não) a participação desses 12 funcionários nos ataques do Hamas, os referidos países resolveram, unilateralmente, deixar de financiar aquela agência, criando-lhe assim dificuldades extras para levar a cabo o seu trabalho.
Esses oito países, note-se, são responsáveis por cerca de 80% do financiamento da UNRWA.
Por isso, quer o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, quer o director-geral da agência, Philippe Lazzarini, não pouparam nas palavras para antever as consequências da suspensão do apoio dos países em questão à referida agência: "desastre” e "tragédia”, disseram …
*Jornalista e escritor
Seja o primeiro a comentar esta notícia!
Faça login para introduzir o seu comentário.
LoginEm diferentes ocasiões, vimos como o mercado angolano reage em sentido contrário às hipóteses académicas, avançadas como argumentos para justificar a tomada de certas medidas no âmbito da reestruturação da economia ou do agravamento da carga fiscal.
O conceito de Responsabilidade Social teve grande visibilidade desde os anos 2000, e tornou-se mais frequente depois dos avanços dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Portanto, empresas socialmente responsáveis nascem do conceito de sustentabilidade económica e responsabilidade social, e obrigam-se ao cumprimento de normas locais onde estão inseridas, obrigações que impactam nas suas operações, sejam de carácter legal e fiscal, sem descurar as preocupações ambientais, implementação de boas práticas de Compliance e Governação Corporativa.
A ideia segundo a qual Portugal deve assumir as suas responsabilidades sobre os crimes cometidos durante a Era Colonial, tal como oportunamente defendida pelo Presidente da República portuguesa, além do ineditismo e lado relevante da política portuguesa actual, representa um passo importante na direcção certa.
O continente africano é marcado por um passado colonial e lutas pela independência, enfrenta, desde o final do século passado e princípio do século XXI, processos de transições políticas e democráticas, muitas vezes, marcados por instabilidades, golpes de Estado, eleições contestadas, regimes autoritários e corrupção. Este artigo é, em grande parte, extracto de uma subsecção do livro “Os Desafios de África no Século XXI – Um continente que procura se reencontrar, de autoria de Osvaldo Mboco.
Pelo menos 21 pessoas morreram na sequência de um naufrágio que ocorreu no Rio Lufira, na zona sudeste da República Democrática do Congo (RDC), tendo 11 dos passageiros conseguido salvar-se, noticia hoje a agência espanhola EFE.
O Festival Internacional de Jazz, agendado para decorrer de 30 deste mês a 1 de Maio, na Baía de Luanda, tem já confirmada a participação de 40 músicos, entre nacionais e estrangeiros, e o regresso da exposição de artes visuais com obras de 23 artistas plásticos, anunciou, sexta-feira, em conferência de imprensa, no Centro de Imprensa da Presidência da República, CIPRA, o porta-voz da Bienal de Luanda, Neto Júnior.
A judoca angolana Maria Niangi, da categoria dos -70 kg, consegui o passe de acesso aos Jogos Olímpicos de Verão, Paris'2024, ao conquistar, sexta-feira, a medalha de ouro no Campeonato Africano de Judo que decorre na Argélia.
A representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Angola, Denise António, destacou, sexta-feira, em Luanda, a importância do Governo angolano criar um ambiente propício para a atracção de mais investidores no domínio das energias renováveis.
O artista plástico, João Cassanda, com a obra “Mumuíla Feliz”, e o escultor Virgílio Pinheiro, com a escultura “Piéta Angolana”, são os vencedores da 17.ª edição do Grande Prémio ENSA-Arte 2024, tendo arrebatado uma estatueta e um cheque no valor de seis milhões de kwanzas.
Nascido Francis Nwia-Kofi Ngonloma, no dia 21 de Setembro de 1909 ou 1912, como atestam alguns documentos, o pan-africanista, primeiro Primeiro-Ministro e, igualmente, primeiro Presidente do Ghana, mudou a sua identidade para Nkwame Nkrumah, em 1945, com alguma controvérsia envolvendo o ano de nascimento e o nome adoptado.