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Guerra civil no Sudão fez 8,5 milhões de deslocados

A guerra civil no Sudão já fez mais de 8,5 milhões de deslocados, com 1,8 milhões de pessoas obrigadas a fugir do país, disse a ONU, nas vésperas de um ano do conflito. "Um ano depois, a guerra no Sudão continua a todo o vapor, com o país e os seus vizinhos a passarem por uma das maiores e mais desafiantes crises humanitárias e de refugiados do mundo", disse ontem a porta-voz da agência das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR), citada pela AFP numa conferência de imprensa, em Genebra, na qual afirmou que mais de 8,5 milhões de sudaneses tiveram de sair das suas casas, incluindo 1,8 milhões que saíram do país.

13/04/2024  Última atualização 11H20
Vista parcial da cidade de Cartum, que enfrenta uma grave crise humanitária © Fotografia por: DR

No encontro com os jornalistas, Olga Sarrado Mur salientou que "os constrangimentos no acesso, os riscos de segurança e os desafios logísticos estão a dificultar a resposta humanitária”, a que se junta uma crise de financiamento que deixa as agências sem fundos para acudir as pessoas. "Apesar da magnitude desta crise, o financiamento continua criticamente baixo; só 7% das necessidades apresentadas no Plano de Resposta aos Refugiados do Sudão foram cumpridas e o plano de Resposta Humanitária só tem 6% das verbas necessárias”, acrescentou, notando que "o ACNUR está a salvar vidas mas em muitos locais não é possível dar sequer o mínimo".

O ritmo de pessoas que tentam fugir da guerra entre as forças de segurança e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF) continua muito elevado, havendo cerca de 1.800 pessoas que chegam todos os dias ao Sudão do Sul, "como se a guerra tivesse começado ontem e não há um ano", comprovando que a classe média de arquitectos, professores, médicos e engenheiros, entre outras profissões, foi "quase completamente destruída". Para além das 640 mil pessoas que já foram para o Sudão do Sul, o ACNUR regista também mais de 150 mil pessoas que continuam em áreas de fronteira sobrelotadas e sem condições sanitárias, e dois a três mil refugiados que diariamente chegam ao Egipto, que se juntam às 2.200 pessoas que, só em Março, entraram na República Centro-Africana.

O Sudão mergulhou no caos a partir de 15 de Abril de 2023, quando se transformaram em guerra aberta as tensões há muito latentes entre os militares, liderados pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e as RSF, comandadas por Mohamed Hamdan Dagalo, ex-número dois no Conselho Soberano - a junta militar que tomou o poder no país no golpe que depôs o antigo ditador Omal al-Bashir, em Abril de 2019.

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