Opinião

Hoje é Dia Internacional da Língua Materna

Embora o conceito varie, sendo um campo que divide especialistas e apaixona debates, o que é facto é que a língua materna existe e acaba por ser determinante no processo de socialização do ser humano.

21/02/2024  Última atualização 06H00

Hoje, é celebrado, em todo o mundo, o Dia Internacional da Língua Materna, data instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e  Cultura (UNESCO), a 17 de Novembro de 1999, com o objectivo de promover a diversidade linguística e cultural entre as diferentes nações.

A efeméride, na visão da UNESCO, lembra, igualmente, os Estados membros da UNESCO e as suas matrizes a reflectirem sobre a preservação das particularidades linguísticas e culturais de cada sociedade.

Em África, onde a variedade de línguas é uma realidade, o desafio é ainda maior na medida em que a multiplicidade de idiomas se junta à "imposição” de línguas não africanas, que acabam, ironicamente, por servir como elo de unidade e reconciliação nacionais, em muitos países. E as referidas línguas galgam um caminho, em África, que as transforma no primeiro meio línguístico com o qual "milhares de bebés africanos aprendem a dizer as primeiras palavras”.

As vantagens do uso da língua nativa estão por demais estudadas e comprovadas, razão pela qual urge proceder à "contínua transmissão das línguas maternas à nova geração, em especial as de origem regional, um acto que deve começar desde a infância”, tal como defendeu, no ano passado, o director do Instituto de Línguas Nacionais (ILN), José Pedro.

"O desafio para a inserção das línguas maternas nas escolas enquadra-se nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial o número 4 dos ODS, que desafia os Estados Membros a garantir uma educação inclusiva e de qualidade para todos e promover a aprendizagem ao longo do tempo”, disse o especialista, na altura, em entrevista ao Jornal de Angola.

Para todos os processos de natureza política, económica, social e cultural que impactam a vida da população, como defendem muitos sectores em Angola, é necessário o envolvimento das línguas nativas como veículo de transmissão e recepção de informação, notícia e recreação.

Há dias, a juíza conselheira e presidente do Tribunal Constitucional defendeu a necessidade de se traduzir a Carta Magna do país nas diferentes línguas, para que os angolanos possam ter a oportunidade de conhecer a Constituição da República a partir da língua que melhor dominam.

Acreditamos que, em todo o país, há sensibilização para com as línguas maternas, razão pela qual urge fazer esforço para a preservação, encorajar o uso e dar dignidade à primeira língua nativa de milhares de angolanos, de Cabinda ao Cunene. Na verdade, houve, no passado recente, uma experiência que precisa de ser retomada, ligada ao uso de línguas maternas nas primeiros anos de escolaridade, em determinadas regiões do país.

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