Opinião

Mais valorização do teatro no país

Bernardino Manje

Jornalista

A 27 do mês que hoje termina, assinalou-se o Dia Mundial do Teatro, efeméride criada, em 1961, pelo Instituto Internacional do Teatro (ITI, na sigla em inglês), através da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), com vista a destacar a relevância da chamada “quinta arte” como meio de expressão.

31/03/2024  Última atualização 07H55

O teatro é uma das artes mais antigas da humanidade, reconhecido pela sua capacidade de representar situações do quotidiano. Desempenha um papel importante na vida das pessoas, pois está intimamente ligado ao facto de proporcionar uma visão mais ampla sobre os assuntos da sociedade.

De acordo com os entendidos, a quinta arte ajuda bastante na formação de pessoas mais tolerantes e com uma visão mais inteligente. Também tem um papel fundamental no combate ao preconceito e à discriminação em todas as suas formas.

Existem outros benefícios com a arte de fazer teatro ou de assisti-lo: estimula o auto-conhecimento e a comunicação, aumenta a auto-estima, favorece a interação entre alunos e fortalece as relações sociais, combate a timidez, ajuda a criar ou melhorar a consciência corporal, activa a criatividade, eleva o interesse pela leitura, possibilita o surgimento de novas amizades, desenvolve o trabalho em equipa e aumenta o senso de responsabilidade e comprometimento.

Além disso, as apresentações desenvolvidas com forte cunho filosófico estimulam o pensamento crítico de actores e de quem assiste as apresentações. Por isso, ao longo do tempo, o teatro tornou-se numa grande fonte de cultura para as pessoas.

Este ano, o Dia Mundial do Teatro está a ser assinalado com uma jornada nacional que decorre desde a última quarta-feira, no Huambo, com a participação de 36 grupos de 16 províncias – excepto Cabinda e Malanje. A jornada, que encerra hoje, acontece sob o lema "As artes e a cultura da paz”, numa alusão ao Dia da Paz em Angola, que se comemora na próxima quinta-feira.

O actual estado do teatro em Angola é considerado estável, mas pensamos que se deve fazer mais para estarmos num patamar melhor. O país tem uma Associação de Teatro, cuja direcção, eleita em Novembro do ano passado, traçou um programa que tem como linha de acção a promoção e dinamização das artes cénicas em todo o país, para que a prática do teatro seja abrangente nos municípios e comunas.

Trata-se de uma acção que deve contar com o concurso de todos, pois a Associação Angolana de Teatro (AAT), por si só, não vai conseguir levar a bom porto esta pretensão. O presidente da AAT, Tony Frampénio, reconhece que o Executivo tem feito a sua parte com a construção de escolas médias e superiores de artes, mas queixa-se da falta ou insuficiência de investimentos no teatro.

Frampénio defende, por isso, que os empresários façam a sua parte, no âmbito da responsabilidade social. Ao referir-se às dificuldades que os grupos teatrais têm enfrentado, disse existirem localidades com espaços para a prática do teatro, mas a dificuldade tem sido encontrada na negociação com os proprietários dos mesmos. Como resultado desse tipo de dificuldades, exemplificou, muitos grupos são obrigados a vender os bilhetes a um preço caro, fora do alcance daqueles que gostam de assistir a espectáculos de teatro.

Para inverter esta situação, a AAT está a trabalhar no sentido de criar parcerias com instituições públicas e privadas, para encontrar soluções das infra-estruturas culturais, além do compromisso que existe de melhorar a condição social dos artistas.

A preocupação da AAT teve já uma resposta do Chefe do Estado que, numa mensagem por ocasião do Dia Mundial do Teatro, reiterou o compromisso da criação de espaços condignos para maior valorização desta arte. O Presidente João Lourenço sustentou a sua afirmação considerando o teatro a arte de representar a realidade, assente nos nossos hábitos e costumes.

Na mensagem, o Titular do Poder Executivo escreveu que "a preservação dos nossos valores culturais e a projecção da nossa identidade devem constituir objectivo permanente de todas as nossas acções”. Realçou que, depois da inauguração do Centro Cultural do Huambo, o Executivo está empenhado na construção da futura Casa do Artista e Palácio da Música e Teatro, em Luanda, iniciativas que, sublinhou, se vão multiplicar por todo o país.

João Lourenço concluiu a mensagem dirigindo uma palavra de apreço aos fazedores de teatro, a quem considerou "verdadeiros heróis que, em ambiente de muitas adversidades, fazem desta arte um instrumento eficaz para manter viva a consciência sobre nós mesmos”.

 

Director Executivo-Adjunto

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Opinião