Economia

Mercado de Acções torna milhares de investidores accionistas de bancos

Com o Programa de Privatizações (PROPRIV) é já sabido que activos com participações do Estado angolano, como Unitel, BFA, Grupo Media Nova e TV Zimbo, vão também entrar na lista

11/02/2024  Última atualização 09H56
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Estima-se em mais de 1.500 os novos accionistas admitidos, entre Junho e Setembro de 2022, nas estruturas dos bancos Angolano de Investimentos (BAI) e Caixa Angola, resultado da abertura dos respectivos capitais em bolsa.

Dados estimam que o BAI terá admitido 845 novos accionistas e o Caixa Angola 691, em ambos os processos de abertura de capital em bolsa.

Depois da fase de digestão observada em 2023, parece estar já criada as condições de interrupção da fase de pausa do emergente Mercado de Acções em Angola. E, desta vez, entra uma petrolífera e mais outras centenas de investidores poderão tornar-se sócios da segunda maior companhia privada de petróleos de direito local em actividade. A ACREP já mostrou o prospecto e está a mexer com os "sentimentos” do mercado e dos investidores.

Trata-se de mais uma empresa/activo rentável e cujas acções provam valorizar cada céntimo de kwanzas investidos.

Para medir os "batimentos cardíacos” dos investidores, o Jornal de Angola ouviu a opinião de alguns especialistas sobre as expectativas com a chegada da ACREP e as experiências com o BAI e Caixa Angola.

É que com o Programa de Privatizações (PROPRIV) é já sabido que activos com participações do Estado angolano, como Unitel, BFA, Grupo Media Nova e TV Zimbo vão também entrar na lista. O processo chegará às gigantes na Endiama, Taag e Soangol, empresas totalmente detidas pelo Estado, mas que vão ceder parte a privados.


"Nos próximos dias, teremos uma nova empresa angolana com acções a ser cotada em bolsa”

Brito Ngolofi
Empreendedor, investidor  e educador financeiro

Depois de muito tempo a  investir quase que exclusivamente em títulos do tesouro na BODIVA pois era o único instrumento realmente atractivo com o qual contávamos na bolsa, foi com muito entusiasmo que recebemos a possibilidade de diversificação das nossas carteiras de investimentos com a incorporação em bolsa das acções do BAI e do Caixa Angola respectivamente, Passados mais de um ano das IPO, (Ofertas Públicas Iniciais)que marcaram a entrada das acções destas duas empresas em bolsa, podemos dizer que os resultados são satisfatórios tanto do ponto de vista de construção de património através da valorização ao longo do tempo já que as acções do BAI valorizaram ao longo deste período mais de 60 por cento e as do Caixa mais de 300, valorizações estas não encontradas em nenhum outro activo da bolsa e raramente achadas na economia real,  quanto ao ponto de vista de rentabilidade no curto prazo através da destribuição de dividendos tendo em conta que ambas destribuíram dividendos com taxas aceitáveis no último ano.

A entrada de mais empresas na nossa bolsa seja disponibilizando obrigações corporativas como fez a SONANGOL EP ou por meio de alienação de acções como se tem anunciado de um tempo a esta parte é sem sombra de dúvidas um sinal positivo para o nosso mercado pois ao terminarem o seu processo de preparação, serem aprovadas e admitidas em bolsa abrem portas para a democratização no acesso ao investimento em mercados financeiros o que faz com que pessoas comuns da nossa sociedade de diferentes níveis sócio-económicos tenham mais opções na hora de investir os seus recursos conseguidos com grande esforço, outro ponto positivo é que as acções destas empresas em bolsa dinamizam o nosso mercado dada a grande volatilidade a que estão sujeitas e estas oscilações de preços no mercado criam grandes oportunidades de ganhos para os investidores de curto prazo comummente conhecidos como "traders”.

Nos próximos dias teremos uma nova empresa angolana com acções a serem cotadas em bolsa, trata-se da ACREP uma empresa do sector petrolífero simplesmente um dos sectores chave, da nossa economia, esta entrada só fortifica ainda mais o nosso mercado e diversifica os sectores de investimento dentro da bolsa pois as empresas que constavam anteriormente eram quase que exclusivamente do sector da banca comercial. Embora seja impossível prever o comportamento do mercado, o  que os investidores esperam das acções da ACREP é um comportamento similar ao das restantes acções já cotadas (BAI e BCGA) ou seja que apresente uma valorização consistente ao longo do primeiro ano e que faça a distribuição de bons dividendos ao longo do tempo pois a maioria dos novos investidores que são atraídos para a  bolsa são estimulados pelos lucros em curto prazo.

De um modo geral as perspectivas no nosso mercado são boas tanto no mercado de títulos com taxas cada vez mais atractivas, chegando até 23 por cento nas novas emissões de obrigações em  longo prazo, bem como no mercado de acções pois temos visto um grande esforço por parte do nosso Executivo em liberalizar o nosso mercado alienando parte das suas participações em empresas como a UNITEL, ENSA, BFA entre outras que se encontram em fase de preparação para entrar em bolsa e distribuir aos investidores comuns que antes não teriam estas oportunidades. Embora seja optimista com relação a todos estes eventos que têm acontecido há que reconhecer que ainda temos muito por fazer e uma longa estrada para caminhar e estarmos ao nível de grandes bolsas de valores do exterior, a limitação do número de intermediários bem como a obrigatoriedade de ter conta bancária ou custódia da instituição responsável pela IPO é uma barreira que deverá ser eliminada no futuro, a falta de informação em gráficos que permitam acompanhar o mercado e fazer uma análise retrospectiva também é algo que deverá ser melhorado, tanto no site da Bodiva quanto nas correctoras, outra ferramenta que já se faz  notar pela ausência são as APP móveis das correctoras que permitam aos investidores acompanharem e fazerem os seus próprios investimentos em tempo real sem passar pelas vias actuais de ter que falar directamente com o corrector e correr o risco de ver a sua oportunidade escapar-se por falta de celeridade associada à burocracia.


"Perspectiva de investir na ACREP é bastante interessante”

Lourenço Gaspar LORM - Turismo e Prestação  de Serviços, Lda

Considero bastante interessante a perspectiva de investir  na Acrep por três razões que ressaltam à vista:

1. Empresa privada do Sector dos Petróleos 100 por cento nacional com um nível de organização acima da média a satisfazer os requisitos para ser cotada em Bolsa.

2. Os dados da empresa indicam sustentabilidade financeira e com um enorme potencial  de crescimento.

3. Com uma única acção temos direito a voto o  que implica dizer que podemos logo à partida dar a  nossa opinião sobre a vida da empresa.

Olhando para a experiência das Acções  do BAI e do Caixa quem foi paciente ou tem sido paciente consegue ver que as suas apostas têm dado resultados.

Contudo, por se tratarem de sectores diferentes temos que ter uma visão holística dos investimentos a serem  feitos considerando que os riscos devem ser sempre mitigados com o grau de conhecimento que detemos sobre investimentos do género.


"Reconheço o papel crucial do BAI e do Caixa Angola nesse processo”

Nelson Mafila
Engenheiro de Ambiente, investidor e consultor de investimentos

Agradeço imensamente pelo convite para compartilhar minhas reflexões sobre o dinamismo do mercado de bolsa em Angola. Como engenheiro de Ambiente, investidor e consultor de investimentos, e com formação em Engenharia Química, estou honrado em contribuir com minha perspectiva para uma discussão tão relevante.

Observo com optimismo o desenvolvimento do mercado de bolsa em Angola, que está a  ganhar robustez gradualmente. É encorajador perceber que cada vez mais pessoas estão a desmistificar o paradigma do investimento, apesar das incertezas associadas à conjuntura económica. Reconheço o papel crucial do BAI e do Caixa Angola nesse processo, apesar dos desafios na privatização das acções do Estado. Acredito que essas iniciativas abrirão caminho para mais empresas privadas ingressarem na bolsa, oferecendo uma alternativa de investimento viável para todos os interessados.

A chegada da Acrep é um marco importante, e esperamos transparência e solidez por parte da empresa e dos reguladores. É fundamental garantir que todos os trâmites estejam em conformidade para fortalecer a confiança dos investidores.

Minha experiência pessoal na bolsa angolana tem sido gratificante. Tenho encontrado uma oportunidade única de obter rendimentos passivos e estáveis, diversificando meus investimentos além dos meios convencionais de aquisição de riqueza. Ao mesmo tempo, reconheço os desafios enfrentados, como altos níveis de inflação, riscos cambiais e volatilidade do mercado. No entanto, mantenho minha determinação em investir e buscar conhecimento, confiante de que estou a trilhar o caminho em direcção à liberdade financeira.

Destaco a importância do desenvolvimento de competências e qualidades necessárias para investir com sucesso, especialmente para pequenos investidores. Além disso, é crucial investir na infra-estrutura necessária para facilitar a negociação de activos, tornando o mercado mais acessível e eficiente.

Recomendo fortemente a busca contínua por conhecimento financeiro e a exploração da Bolsa de Valores angolana, que ao longo do tempo tem demonstrado ser uma fonte confiável de oportunidades de investimento.

Espero que minhas reflexões sejam úteis para a publicação nos jornais mencionados e contribuam para uma discussão mais profunda e esclarecedora sobre o mercado de bolsa em Angola.

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