Em diferentes ocasiões, vimos como o mercado angolano reage em sentido contrário às hipóteses académicas, avançadas como argumentos para justificar a tomada de certas medidas no âmbito da reestruturação da economia ou do agravamento da carga fiscal.
O conceito de Responsabilidade Social teve grande visibilidade desde os anos 2000, e tornou-se mais frequente depois dos avanços dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Portanto, empresas socialmente responsáveis nascem do conceito de sustentabilidade económica e responsabilidade social, e obrigam-se ao cumprimento de normas locais onde estão inseridas, obrigações que impactam nas suas operações, sejam de carácter legal e fiscal, sem descurar as preocupações ambientais, implementação de boas práticas de Compliance e Governação Corporativa.
Ndungidi Gonçalves Daniel está para Angola e os angolanos, como Eusébio da Silva Ferreira esteve para Portugal e os portugueses. Ambos romperam os limites impostos pelo clubismo, para o firmamento à escala nacional. Os tratados que assinaram com a bola no pé os guindaram à condição de pertença de todo um povo, independentemente da cor da camisola por que se torcia.
Dono de um imenso talento, temperado ainda na Angola colonial, sob a batuta de Fernando Peyroteo, até crescer como o dono da bola e ganhar, no despontar da juventude, a alcunha de Pelé do Luanda, numa alusão à estrela maior do futebol mundial, o brasileiro Edson Arantes do Nascimento. Aliás, foi com naturalidade que se tornou no rosto do 1º de Agosto, porque "aquela bola que o Ndungidi batia/tinha embora uma mania/de inventar em mim/a tal da felicidade”, conforme registou para a imortalidade, o músico Paulo Flores.
Ainda teve tempo de exibir o seu futebol superlativo com as cores do Petro de Luanda, o arqui-rival, quando se viu desamparado pelo seu grande amor desportivo, sem, contudo, cortar o cordão umbilical. Na idade de "pai de família”, brilhou com a camisola dos petrolíferos, nas Afrotaças, ao ponto de provocar subida de tensão arterial ao técnico Carlos Queirós, que desacordou ao testemunhar, na Cidadela, momentos de fina arte.
Jogou em Angola o suficiente para fascinar clubes europeus, como foi o caso do Sporting de Portugal. Mas não saiu, porque o jovem Estado em construção precisava dos seus filhos. Doutros pontos do continente, chegava o reconhecimento de mágicos de fino trato, casos dos camaroneses Manga Onguéné e Théophile Abega, pois craque reconhece o semelhante ao longe.
Então, é este senhor da bola esdrúxula, a quem devemos dignidade. Que não deve, muito menos pode ficar carente de cuidados médicos. Por todas os pedaços de história, escritos nos pelados e relvados deste imenso país, legados à nossa memória colectiva, é obrigação das instituições intercederem no sentido de ser confortado com assistência à altura da demanda do seu quadro clínico.
O 1º de Agosto é o expoente máximo da sua rica carreira futebolística. É um facto. Mas, de tão grande no jogar, Ndungidi elevou-se à condição de património nacional. Escultor de obras-primas com a bola no pé e ombros descaídos, para o lado do drible. O apelo do renomado jornalista Amílcar Xavier criou um estado de preocupação geral, em defesa do bem maior. A vida!
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LoginA ideia segundo a qual Portugal deve assumir as suas responsabilidades sobre os crimes cometidos durante a Era Colonial, tal como oportunamente defendida pelo Presidente da República portuguesa, além do ineditismo e lado relevante da política portuguesa actual, representa um passo importante na direcção certa.
O continente africano é marcado por um passado colonial e lutas pela independência, enfrenta, desde o final do século passado e princípio do século XXI, processos de transições políticas e democráticas, muitas vezes, marcados por instabilidades, golpes de Estado, eleições contestadas, regimes autoritários e corrupção. Este artigo é, em grande parte, extracto de uma subsecção do livro “Os Desafios de África no Século XXI – Um continente que procura se reencontrar, de autoria de Osvaldo Mboco.
A onda de contestação sem precedentes que algumas potências ocidentais enfrentam em África, traduzida em mudanças político-constitucionais, legais, por via de eleições democráticas, como as sucedidas no Senegal, e ilegais, como as ocorridas no Níger e Mali, apenas para mencionar estes países, acompanhadas do despertar da população para colocar fim às relações económicas desiguais, que configuram espécie de neocolonialismo, auguram o fim de um período e o início de outro.
Trata-se de um relevante marco o facto de o Conselho de Ministros ter aprovado, na segunda-feira, a proposta de Lei dos Crimes de Vandalismo de Bens e Serviços Públicos, para o envio à Assembleia Nacional que, como se espera, não se vai de rogada para a sancionar.
O embaixador de Angola na Côte D'Ivoire, Domingos Pacheco, reuniu-se, esta sexta-feira, em Luanda, com empresários e instituições angolanas, com os quais abordou questões de cooperação económica e de investimentos.
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Vasco Lourenço, um dos capitães de Abril que derrubaram a ditadura salazarista há 50 anos em Portugal, foi hoje recebido em Lisboa pelo Chefe de Estado angolano, João Lourenço, na qualidade de Presidente da Associação 25 de Abril.
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