Em diferentes ocasiões, vimos como o mercado angolano reage em sentido contrário às hipóteses académicas, avançadas como argumentos para justificar a tomada de certas medidas no âmbito da reestruturação da economia ou do agravamento da carga fiscal.
O conceito de Responsabilidade Social teve grande visibilidade desde os anos 2000, e tornou-se mais frequente depois dos avanços dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Portanto, empresas socialmente responsáveis nascem do conceito de sustentabilidade económica e responsabilidade social, e obrigam-se ao cumprimento de normas locais onde estão inseridas, obrigações que impactam nas suas operações, sejam de carácter legal e fiscal, sem descurar as preocupações ambientais, implementação de boas práticas de Compliance e Governação Corporativa.
Por outras razões, igualmente, profissionais, nos últimos tempos desloquei-me, consecutivamente, à província do Namibe.
Sempre que vou ao Namibe, ocorre-me um célebre discurso do saudoso Presidente Agostinho Neto, sobre a necessidade dos "nossos camaradas”, os dirigentes de então e também o "povo em geral” terem de passar férias em Angola, referindo-se entre outras cidades/províncias ao Namibe.
Confundimos, muitas vezes, o Namibe com Moçâmedes. Por isso, no rigor necessário, refiro-me à cidade-capital, ou seja, Moçâmedes, na medida em que conhecemos mal os demais municípios. Obviamente que, por vício da minha condição de luandense, tenho dificuldades em dissecar estas diferenças.
Mas não posso deixar de realçar a realidade que encontro em Moçâmedes nessas viagens consecutivas. Causa sempre muita satisfação sair do caos de Luanda e estarmos numa cidade angolana com o saneamento básico em condições. A cidade está muito limpa e com isso bonita.
Ao conversar com os habitantes e nativos, há um consenso: a transformação positiva do Namibe, nos últimos anos, tem um rosto: Árcher Mangueira. O actual governador provincial beneficiou, certamente, do trabalho deixado pelos seus antecessores, mas nunca o Namibe esteve tão presente no mapa de Angola como está agora. E também no mapa dos que visitam Angola, num arranque, embora ainda tímido, do que todos esperamos que venha a ser uma pujante indústria do Turismo no nosso País. E na imensa diversidade das gentes dos ecossistemas que temos para oferecer, o Namibe dispõe de condições ímpares para que o Turismo seja uma das âncoras de um salto qualitativo no seu desenvolvimento, ainda mais significativo do que aquele que já se pode observar nos dias de hoje.
De facto, colocar o Namibe no mapa de Angola, no sentido de cada vez mais compatriotas e visitantes estrangeiros terem ali uma referência sobre alguma coisa que estará a ser bem feita e admitirem, ou até mesmo almejarem, lá passar uns dias entre o mar e o deserto, entre atmosferas áridas, propícias a um Turismo de aventura, meios urbanos em que nos podemos sentir em casa e ambientes de surpresa permanente, como o Parque Nacional do Iona, que tem todas as condições para ser um cartão de visita de Angola, e esse trabalho está a ser feito, de facto, dizia, colocar o Namibe no mapa começa, e começou, por colocar a qualidade de vida dos namibenses em primeiro lugar. Porque só pessoas felizes, com as suas vidas bem encaminhadas e esperança no futuro, podem tornar felizes os seus visitantes.
O mar com a sua riqueza de recursos, o porto, o deserto e a riqueza de recursos minerais como as reservas de mármore e outras pedras permitem fazer emergir uma indústria que possa dinamizar a economia local e numa combinação com o Lubango fazer emergir um corredor de desenvolvimento importante onde se denote qualidade de vida para os seus habitantes.
Ora, para fazer o que tem de ser feito, aplicar bem os recursos limitados do Estado, fazê-lo em perfeita sintonia com o Governo Central e dar a todos os cidadãos melhores condições de habitação, educação, saúde, segurança e mobilidade, entre tantas outras expectativas legítimas que cada um de nós tem, para fazer isso é preciso ter e querer, saber e poder. O poder de realizar, de fazer acontecer, sem atropelar ninguém, criando e gerindo equipas sem as quais nada de muito significativo e duradouro acontece.
Nesta recente visita ao Namibe, estava a pensar nisso. E lembrei-me de um episódio, relacionado com a corrida presidencial dos Estados Unidos da América, que levaria à eleição de John F. Kennedy, em Novembro de 1960: quando Lyndon Baines Johnson, LBJ como era chamado, que era, então, o líder do Partido Democrata no Senado, foi convidado por Kennedy para ser o seu candidato a Vice-Presidente, os seus amigos e conselheiros mais próximos disseram-lhe que seria um disparate aceitar tal coisa, porque iria perder o poder. Ao que LBJ terá respondido: "O poder está para onde o poder vai”. Parece que assim aconteceu, no Namibe. Em benefício de quem lá vive, trabalha e investe.
Em benefício de quem visita a "Terra da Felicidade”.
Éramos mais de 150 pessoas e estou convencido de que cada um de nós saiu de Moçâmedes com a intenção de regressar a fim de desfrutar do sol, praias e a qualidade de vida. No Namibe está-se bem e é-se feliz!
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