Em Angola, como em muitos países do mundo, o 1º de Maio é feriado nacional e costuma ser celebrado com marchas e comícios, em que se fazem discursos reivindicativos de direitos dos trabalhadores. Não é uma data qualquer.
Hoje, a nossa Nação e, particularmente, a comunidade jurídica assinala um ano da entrada em funções dos juízes de garantias, magistrado com dignidade constitucional que, entre nós, passou desde 2 de Maio de 2023 a ter a responsabilidade de salvaguardar os direitos individuais de qualquer pessoa alvo de investigação por um suposto acto criminal derivado da sua conduta.
A perspectiva de uma força multinacional para gerir o “day after” na Faixa de Gaza está a ser ensaiada como uma possibilidade em alternativa a uma eventual reocupação de Israel do espaço de terra em que Ariel Sharon tinha evacuado os colonatos em Agosto de 2005 e ao ressurgimento do Hamas.
É provavelmente também um sintoma do reconhecimento da impossibilidade de uma destruição absoluta do Hamas, tal como persegue irremediavelmente Benjamin Netanyahu, embora aqui numa tentativa sub-reptícia de fuga em frente para a salvação política de si e da sua coligação.
O futuro da Faixa de Gaza, no imediato e após o fim da guerra, virou um dilema, como sucedem sempre com as invasões que minimizam o "dia seguinte”, levando, muitas vezes, as forças invasoras a ficarem atoladas e, não raras vezes, acabarem por ser derrotadas.
O Vietname, há mais de 60 anos, e o Afeganistão para a então União Soviética, há cinquenta anos, e recentemente o Afeganistão, há cerca de 20, novamente, para os americanos, servem como analogias apropriadas quando, estrategicamente, se erra no estabelecimento dos objectivos ou metas posteriores à invasão.
Na Faixa de Gaza, uma língua de terra que se estende por 41 quilómetros de comprimento, 6 a 12 quilómetros de largura e uma área total de 365 quilómetros quadrados, hoje "militarmente” ocupada por Israel, representa um desafio monumental do ponto de vista do que virá a suceder depois da guerra.
Depois de sucessivas contradições do Primeiro-Ministro, Benjamin Netanyahu, alcunhado nalguns media árabes como "o carniceiro de Gaza”, ora assumindo que as autoridades palestinianas nunca voltarão a governar Gaza, ora manifestando interesse em explorar diligências de países árabes e dos Estados Unidos, começa a ganhar terreno a perspectiva de uma força multinacional árabe para "administrar” a Faixa de Gaza e, extensivamente, a Cisjordânia.
A ideia pode ser oportuna e deveria ser devidamente analisada pela Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), sedeada em Rammallah, liderada por Mammoud Abbas e por todas as facções palestinianas, sobretudo as que se encontram baseadas nos territórios em disputa com Israel.
Segundo algumas fontes árabes, a ideia de uma força multinacional para operar em Gaza depois da guerra, independentemente de fazer parte do esforço para impedir um ressurgimento do Hamas seria, também, uma plataforma para viabilizar o caminho para a efectivação da solução dos dois Estados.
Em vez de ponderarem devidamente sobre a iniciativa, curiosamente vinda e suportada pelos países árabes, o jornal de The Jerusalem Post informou, há dias, que Al-Mayadeen, uma rede afiliada ao Hezbollah, deu a conhecer que as "facções palestinianas”, na Síria, alegadamente, rejeitam a proposta.
Do Hamas, da Jihad Islâmica, da Frente Popular para a Libertação da Palestina, da Frente Democrática para a Libertação da Palestina e de outros grupos mais directamente em confrontação com as Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla em inglês) não se conhece nenhuma posição, relativamente à proposta avançada, embora, muito provavelmente acabarão por alinhar no mesmo diapasão.
Mais uma vez e para fazer jus às palavras do então ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, nascido na África do Sul, Abba Eban, os palestinos não vão perder a oportunidade de perder uma oportunidade, rejeitando o que táctica e estrategicamente até serviria os interesses e aspirações palestinianas.
Mesmo que não concordem, no imediato, com a perspectiva do desdobramento de uma força multinacional com a justa alegação de que cabe aos povos palestinianos eleger ou indicar quem os deve dirigir, tratando-se de uma situação transitória, seria sensato aceitar esta disposição.
Além disso, vale dizer que o Hamas, a facção palestiniana que de facto governava a Faixa de Gaza desde 2007, vai sair muito fragilizada desta guerra, se sobreviver, ao ponto de experimentar gigantescas dificuldades para voltar a manter alguma funcionalidade das "suas instituições” e de todo o território.
Esta força seria responsável por controlar a lei e a ordem em Gaza e escoltar os comboios de ajuda humanitária, muito vulneráveis aos assaltos, criar as condições para a governabilidade que, mais cedo ou mais tarde, virá a ser assumida pelos próprios palestinianos.
Mas, há sectores que entendem que, na verdade, a iniciativa visa salvar, supostamente, Israel do beco sem saída em que se meteu ao entrar na Faixa de Gaza sem um plano de retirada que acautele um "dia seguinte” completamente diferente ao que viabilizou o dia "7 de Outubro”.
Para Israel, secundado pelo aliado incondicional, os Estados Unidos, é impossível voltar ao status quo anterior ao "7 de Outubro”, por um lado, mas é igualmente incomportável uma reocupação da Faixa de Gaza nos moldes em que se efectivou entre Junho de 1967 e Agosto de 2005, razão pela qual o desdobramento desta força pode ser a saída que, por sua vez, pode também servir os interesses palestinianos.
Provavelmente, todas as demais facções palestinianas vão rejeitar a proposta, Israel vai atolar-se ainda mais em Gaza sem uma estratégia de saída e a força multinacional vai ser uma verdadeira miragem, numa altura em que se regista uma situação humanitária catastrófica e sem precedentes.
*Jornalista
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