Opinião

O impacto das eleições nos EUA para as Relações Internacionais

Joel Cortez *

*Estudante de Relações Internacionais

O processo eleitoral em qualquer país é um dos grandes momentos em que o povo expressa a sua vontade, elegendo através do voto expresso nas urnas o canditado da sua escolha, aquele que apresentar um programa convincente e que poderá dirigir o destino do povo pelo qual ele foi eleito.

19/03/2024  Última atualização 09H05

Tem-se dito que os EUA constituem, para o mundo, espécie de "berço moderno” da democracia, pois sabe-se que as eleições nos EUA têm acontecido em vários contextos mundiais, num clima de paz e harmonia, servindo como exemplo a muitos Estados e até mesmo para o resto do mundo.

Hoje, os EUA estão a viver mais um daqueles momentos, ligado a um período pré-eleitoral, apresentando um ciclo bastante competitivo, em que vão ser intervenientes o actual Presidente, Joe Biden, candidato pelo partido democrata, e o antigo Chefe de Estado, Donald Trump, pelo partido Republicano, que se têm mostrado como principais canditatos a vencer as eleições marcadas para Novembro do ano em curso, deixando para trás Nikki Haley que suspendeu a sua campanha eleitoral no dia 6 de Março.

O contexto actual que se apresenta nos EUA é bastante desafiador dadas às situações económicas e questões ligadas à imigração, apenas para mencionar estes, vai servir como teste ao Presidente Joe Biden, candidato pelo partido Democrata, e como propaganda eleitoral para muitos candidatados que se encontram na oposição de modo a vencer esta mesma corrida.

Atendendo a inconstância, imprevisibilidade e propaganda do candidato republicano, Donald Trump, que leva, por exemplo, a Europa a encarar com muito cepticismo o papel que os Estados Unidos jogam na arquitectura de segurança europeia e apoio à Ucrânia.

Para alguns sectores nos Estados Unidos, instigados pelo discurso "inflamado” de Trump, os apoios multiformes que os EUA, através do actual Governo, têm prestado à Europa, representam esforços que se repercutem negativamente na economia americana.

O momento pré-eleitoral é indefinido, não obstante observar-se algumas sondagens feitas através de orgãos de comunicação que têm oferecido uma vantagem equilibrada a Donald Trump, mas sabe-se que o ex Presindente, tem levado a sua campanha política de forma tranquila, conquistando milhares de eleitores, independentemente do actual processo crime que corre os seus trâmites na Justiça norte-americana, devido ao cenário que marcou o ano de 2021, no capitólio.

Em caso de vitória do Presidente Joe Biden, este dará seguimento a sua política externa mantendo o mesmo posicionamento sobre os principais assuntos que dominam a pauta internacional, sem alteração do quadro actual, com maior destaque os apoios à Europa e principalmente à Ucrânia através da OTAN, mantendo a sua sobrevivência contra a Rússia, almejando uma possível vitória.

No campo asiático, a posição permanecerá com os apoios a Israel, que vive uma situação conflituosa com Hamas na Faixa de Gaza, bem como a relação bilateral com o gigante asiático, China, que tem representado para os EUA uma ameaça no domínio económico e principalmente tecnológico.

Para o continente africano não será diferente, na medida em que a República de Angola foi identificada pelo Presidente Biden como um dos principais parceiros no Continente berço, dando seguimento aos apoios na diversificação da economia angolana e na prossecução dos objectivos ligados a paz que Angola, na pessoa do Presidente João Lourenço, tem procurado promover e salvaguardar.

Numa perspectiva diferente, em caso de vitória de Donald Trump, a sua agenda é totalmente contrária à de Joe Biden, na medida em que vai, seguramente, repetir a sua agenda do período 2016-2016, em que as atenções estavam longe de África, procurando apenas manter a boa relação de cooperação e amizade com as super-potências globais. Donald Trump, em várias entrevistas, tem procurado mostrar o seu claro posicionamento perante ao conflito russo-ucraniano, tendo chegado a dizer que acabaria com esta guerra em apenas um dia se for reeleito o que, entre as várias interpretações, se pode presumir uma eventual retirada da ajuda militar à Ucrânia ou à Europa através da OTAN, que é vista como a asa militar que protege os europeus das supostas ideias imperialistas de Moscovo face a Europa.

Por força das palavras de Trump, a União Europeia tem vivido, com o processo pré-eleitoral nos EUA e com os argumentos acima apresentados, momentos de tensão política, que tem levado a união a constantes debates, devido ao cenário nos EUA que pode ganhar uma nova configuração com uma eventual reeleição de Donald Trump.

Diz-se que os deputados europeus levantaram novos programas ligados à nova estratégia de Defesa e Segurança, com a criação de um Gabinete de Guerra, a promoção da sua resiliência reforçando a sua capacidade em vários domínios de modos a continuar a prestar o seu apoio à Ucrânia e consequentemente encarar a Rússia como principal ameaça à segurança e paz na Europa.

A necessidade de resolver este conflito por via pacífica de forma antecipada, sem depender dos resultados eleitorais nos EUA é uma posição também apresentada por muitos europeus.

Com isto leva-nos ao entendimento segundo o qual se está perante a um momento da Geopolítica mundial bastante imprevisível e expectante, aguardando-se pelos acontecimentos que virão antes e depois de se conhecer o desfecho das eleições nos EUA marcadas para Novembro próximo.

O momento pré-eleitoral tem movimentando os estados a adoptarem novos posicionamentos e comportamentos com a criação de novas políticas, no cenário da Geopolítica mundial. As Relações Internacionais são movidas pelos interesses dos Estados retirando a imagem de amizades entre eles, pois os amigos de hoje podem se constituir como os inimigos do amanhã.

 *Estudante de Relações Internacionais

 

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