Economia

Petrolífera: BODIVA aprova admissão da ACREP no Mercado de Bolsa de Acções

O processo de conclusão da Admissão das acções da petrolífera ACREP na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) deverá estar concluído a 15 de Março.

13/02/2024  Última atualização 07H37
© Fotografia por: DR

Segundo o calendário divulgado pela Comissão do Mercado de Capitais (CMC), no dia 12 de Março será realizada, na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA),  a emissão e liquidação física das acções relativas à Oferta Pública de Substituição (OPS).

Na semana passada, foram aprovados os pedidos de realização de Sessão Especial em Bolsa e de Admissão à Negociação das acções ordinárias da ACREP – Exploração Petrolífera, S.A ao Mercado de Bolsa de Acções.

Segundo uma nota de imprensa da BODIVA, a ses- são especial em Bolsa, que ocorrerá no período das 9h e 15h do  dia 7 de Março de 2024, materializa o apuramento dos resultados da Oferta Pública de Venda e de Subscrição, que decorrerá de 19 de Fevereiro a 1 de Março, com base nos critérios de rateio pré-definidos em Prospecto, e culminará com a respectiva divulgação, no mesmo dia, no site institucional da BODIVA (www.bodiva.ao).

"Em sequência e após a liquidação física e financeira da oferta, realizar-se-á no dia 15 de Março de 2024, a sessão "Ring the Bell” que marcará a admissão livre para as transacção das acções ordinárias da ACREP no Mercado de Bolsa de Acções - MBA”, lê-se na nota da CMC.

Esta emissão de acções no Mercado de Bolsa representa um marco significativo do desenvolvimento do Mercado de Capitais Angolano, na medida em que materializa a possibilidade de diversificação das fontes de financiamento

de uma empresa nacional de referência, que vem juntar-se ao BAI e ao BCGA neste mercado, bem como disponibiliza ao mercado mais um produto financeiro para diversificação da carteira de investimento.

De esclarecer que, a Oferta Pública de Venda destina-se à alienação de 300.000 acções detidas pelo BPC, enquanto que a Oferta Pública de Subscrição refere-se à venda de 600.890 novas acções para financiamento da empresa por via do aumento do capital, que perfazem um total de 900.890 acções.

A propósito, o Jornal de Angola também ouviu opiniões de especialistas sobre a chegada da ACREP à BODIVA.


"É importante reconhecer que toda  a operação financeira envolve riscos”

Mahália Castro
-Consultora de Investimentos

No passado dia 6 de Fevereiro de 2024, a ACREP - Exploração Petrolífera, S.A. realizou um evento de apresentação da sua Oferta de acções, que consiste numa Oferta Pública de Subscrição (OPS) de até 600.890 acções e uma Oferta Pública de Venda (OPV) de até 300.000 acções, pertencentes ao accionista Banco de Poupança e Crédito. No total, serão alienadas 900.890 acções, o que corresponde a 37,47% do capital social da empresa.

Neste sentido, na OPS a empresa visa colocar, mediante condições previstas no seu prospecto, uma nova emissão, em que o Oferente é o emitente desses valores mobiliários. Adicionalmente, na sua OPV, visa a dispersão do capital, uma vez cotada em bolsa. Esta operação constituirá decerto um grande marco para o mercado financeiro angolano e para potenciais investidores interessados no sector petrolífero do país.

Primeiramente, é importante entender o contexto em que esta oferta ocorre. Angola é conhecida pela robustez da sua indústria petrolífera, que desempenha um papel crucial na economia do país, contribuindo significativamente para a receita nacional. A ACREP Exploração Petrolífera, S.A., por sua vez, é uma empresa angolana estabelecida neste sector, com uma posição consolidada e uma reputação sólida. Segundo informações oficiais divulgadas pela instituição através dos seus órgãos sociais, a realização da OPS e OPV reflecte a intenção da  firma de angariar recursos financeiros para expandir as suas operações e impulsionar o seu crescimento.

Neste sentido, para o mercado financeiro angolano, essa operação representa uma oportunidade exclusiva de investimento. A oferta de acções da ACREP viabiliza o acesso dos investidores a um sector-chave da economia angolana e potencialmente beneficiarem-se do crescimento contínuo da indústria petrolífera do país. Além disso, a realização bem-sucedida dessa operação pode fortalecer a confiança dos investidores no mercado de capitais angolano, gerando um ambiente mais favorável para futuras ofertas e investimentos.

Para os investidores, a OPS e OPV da ACREP oferecem a chance de adquirir participações em uma empresa estabelecida e promissora no sector petrolífero. Ao investir nas acções da ACREP, os adquirentes podem diversificar suas carteiras e potencialmente obter retornos atraentes a longo prazo, à medida que a empresa busca expandir as suas operações e aproveitar novas oportunidades de crescimento.

No entanto, é importante reconhecer que toda operação financeira envolve riscos. Os investidores devem realizar uma análise cuidadosa da ACREP, de forma independente ou com ajuda de profissionais do ramo, a fim de avaliar os seus fundamentos financeiros, o seu histórico de desempenho e as perspectivas futuras do sector petrolífero angolano. Além disso, é essencial considerar os riscos específicos associados à empresa e ao sector, como volatilidade de preços do petróleo, regulamentações governamentais e concorrência.

Em resumo, a OPS e OPV da ACREP Exploração Petrolífera, S.A. representam uma oportunidade empolgante para o mercado financeiro angolano e para investidores em busca de exposição ao sector petrolífero do país. No entanto, os investidores devem realizar uma análise cuidadosa e considerar os riscos envolvidos antes de tomar decisões de investimento.



"A valorização do BAI foi um exemplo de sucesso dos negócios em bolsa”

Rui Caetano-
Gestor bancário

A recente oferta pública de acções da ACREP tem despertado grande interesse no mercado. Com a entrada dessa empresa na Bolsa de Dívidas e Valores de Angola (BODIVA), muitos investidores se perguntam qual é a expectativa em relação às suas acções, tendo como base a experiência anterior do Banco Angolano de Investimentos (BAI) e do Banco Caixa Angola (BCGA).

O BAI é considerado o maior banco em activos de Angola e a sua valorização de 126,7 por cento três meses após a sua admissão na bolsa foi um exemplo de sucesso no mercado angolano. Portanto, a história do BAI mostra que existe um potencial de valorização considerável no mercado angolano.

Por outro lado, a situação do Banco Caixa Angola (BCGA) mostra-se menos favorável. As suas acções fecharam o primeiro trimestre de 2023 com um valor inferior em relação ao trimestre anterior, o que levanta preocupações sobre o seu desempenho no mercado.

A expectativa em relação às acções da ACREP é uma incógnita. No entanto, a empresa é a terceira companhia angolana a actuar no sector petrolífero e, após 20 anos da sua fundação, tornou-se a primeira empresa privada de petróleo e gás a ser cotada na BODIVA. Isso demonstra um avanço significativo e um potencial de crescimento, visto que o sector petrolífero é um dos mais promissores em Angola.

Diante deste contexto, é fundamental analisar cuidadosamente os factores que possam influenciar o desempenho das acções da ACREP, como a estabilidade económica do sector petrolífero em Angola, as políticas governamentais e o mercado internacional.

Outro factor importante é analisar a equipa de gestão da ACREP. É essencial verificar a experiência e histórico dos líderes da empresa, bem como a sua visão estratégica. Gestores confiáveis e bem-qualificados podem ser um indicador de sucesso futuro.

Por fim, é aconselhável considerar a análise de riscos. É importante identificar e avaliar os principais riscos que a ACREP enfrenta, como riscos regulatórios, operacionais ou de mercado. Isso ajudará a tomar uma decisão mais informada e consciente.

Ou, por fim, antes de comprar acções da ACREP, os investidores devem realizar uma análise completa da empresa, considerando o seu desempenho financeiro, contexto de mercado, equipa de gestão e riscos envolvidos. Estes aspectos ajudarão a tomar uma decisão mais fundamentada e aumentar as chances de sucesso nos investimentos.


"Processo  de abertura  de capital de uma empresa não financeira simboliza um marco histórico”

Lopo Santos- Fundador da Renda Passiva

O processo de oferta pública inicial (IPO) da ACREP, que vai ocorrer mediante uma operação combinada de subscrição e de venda, é aguardado pelos investidores nacionais com grande expectativa, por conta da boa referência que o mesmo têm dos processos passados, nomeadamente com o BAI e o BCGA.

Neste sentido os investidores anseiam rentabilizar as suas poupanças, na expectativa de obter ganhos semelhantes às operações ocorridas no passado, visto que as acções do BCGA que foram comercializadas inicialmente a AOA  5.000 hoje são negociadas a A0A 18.000, registando assim uma rentabilidade nominal de 260 por cento, ou seja, todo o investidor que participou do IPO do BCGA viu o seu capital aplicado multiplicar 3,6x vezes.

No processo de IPO da ACREP, poderá não ser se diferente, uma vez que se trata da segunda maior empresa privada petrolífera, cujas receitas são maioritariamente em dólares norte americanos, protegendo parcialmente os investidores dos grandes riscos cambiais a que os investimentos nacionais estão expostos.

Em outras palavras, num cenário hipotético em que não haja variação nominal dos dividendos da ACREP o investidor terá sempre uma variação nominal em kwanzas dos seus dividendos na medida em que a actividade operacional da ACREP, é feita em moeda externa.

Este processo de abertura de capital em bolsa de uma empresa privada não financeira simboliza, também, um marco histórico para o mercado, mostrando ser possível as empresas se financiarem junto da Bolsa de Dívidas e Valores de Angola (BODIVA). Por esta razão, esperam os investidores, que, por conta desse processo, surjam outros processo, semelhantes de empresas privadas, elevando assim a variedade e diversidade de opções de investimentos para rentabilizar as poupança.

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