Em diferentes ocasiões, vimos como o mercado angolano reage em sentido contrário às hipóteses académicas, avançadas como argumentos para justificar a tomada de certas medidas no âmbito da reestruturação da economia ou do agravamento da carga fiscal.
O conceito de Responsabilidade Social teve grande visibilidade desde os anos 2000, e tornou-se mais frequente depois dos avanços dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Portanto, empresas socialmente responsáveis nascem do conceito de sustentabilidade económica e responsabilidade social, e obrigam-se ao cumprimento de normas locais onde estão inseridas, obrigações que impactam nas suas operações, sejam de carácter legal e fiscal, sem descurar as preocupações ambientais, implementação de boas práticas de Compliance e Governação Corporativa.
Daqui a alguns anos, quando nos quisermos recordar do CAN’2023, em curso na Côte d’Ivoire, diremos com orgulho: “era uma vez, as Palancas Negras, desacreditadas à chegada ao palco da competição, venceram dois jogos na fase grupos, fazendo o que ainda não tinha sido feito; triunfar numa partida a eliminar, dentro da competição”. Certamente, nos lembraremos da Gibelé, a coluna de som usada para tocar Kuduro, no ensaio do Angola Avante, a canção da pátria que intimida os adversários.
E o treinador, obreiro da mudança bem acolhida pelos adeptos, inclusive por quem usava as redes sociais, nomeadamente o popular e planetário facebook, para caçoar da equipa nacional e dos seus jogadores, por comparação com as estrelas exibidas na tela mágica, a desfilarem nos relvados paradisíacos do velho continente, soube explorar as críticas e aproveitar o que de bom continham, na transformação que se seguiu aos 45 minutos iniciais, frente à Argélia, seguramente os piores de toda a história da Selecção Nacional.
Se na era dos muitos empates, várias derrotas e poucas vitórias, quase sempre com exibições desconchavadas, a culpa foi assacada ao treinador, por mim considerado pouco habilitado a tal cometimento, também é justo levá-lo em ombros, pelo mérito de ter tido, na humildade, a capacidade de constatar que o sucesso estava escondido no abandono das amarras defensivas, estratagemas de pura covardia, destinados a não perder, quando é maior o prejuízo em relação aos ganhos resultantes de tais apostas.
Sem pudor, porque o amor pátrio não conhece limites, hoje cantamos alegremente, com os nossos jogadores, "provou e gostou/provou e gostou/por ser assim me colou”. Sim, estamos abraçados aos heróis do povo, que da Côte d’Ivoire, na força da Gibelé, nos chamam ao ritmo do "ai trabalha/ai trabalha/ trabalhou?/sim trabalhou!”, "Olha tamo a vi/olha tamo a vi”, "eué/eué/eué/cambiô/é bomba/a dança dos Comba”. Um ritual imitado por outras selecções.
Queremos mais. Olhamos para as meias-finais. E se lá chegarmos, acreditamos que somos capazes de jogar à grande final. Mas, se nada disto acontecer, e tivermos de nos despedir da prova nesta noite, a história está escrita. Não haverá espaço para críticas, nem recriminações, porque as Palancas Negras fizeram enorme a nossa vaidade, na prova de competência dos mais capazes em África, quando o assunto é futebol. Este desporto de massas e emoções que ninguém sabe explicar.
Abraçamos o Presidente da República e a nossa Primeira-Dama, adeptos da linha da frente, reforços na tarefa de criarmos as melhores condições para a Selecção Nacional, pois está provado que temos futebol para regressar ao Mundial, em 2026, exactamente 20 anos depois da presença inédita na Alemanha.
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LoginA ideia segundo a qual Portugal deve assumir as suas responsabilidades sobre os crimes cometidos durante a Era Colonial, tal como oportunamente defendida pelo Presidente da República portuguesa, além do ineditismo e lado relevante da política portuguesa actual, representa um passo importante na direcção certa.
O continente africano é marcado por um passado colonial e lutas pela independência, enfrenta, desde o final do século passado e princípio do século XXI, processos de transições políticas e democráticas, muitas vezes, marcados por instabilidades, golpes de Estado, eleições contestadas, regimes autoritários e corrupção. Este artigo é, em grande parte, extracto de uma subsecção do livro “Os Desafios de África no Século XXI – Um continente que procura se reencontrar, de autoria de Osvaldo Mboco.
A onda de contestação sem precedentes que algumas potências ocidentais enfrentam em África, traduzida em mudanças político-constitucionais, legais, por via de eleições democráticas, como as sucedidas no Senegal, e ilegais, como as ocorridas no Níger e Mali, apenas para mencionar estes países, acompanhadas do despertar da população para colocar fim às relações económicas desiguais, que configuram espécie de neocolonialismo, auguram o fim de um período e o início de outro.
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