Economia

Transparência Internacional reconhece evolução de 2019 a 2023

O Índice de Percepção da Corrupção de 2023 divulgado, recentemente, pela Transparência Internacional revela um avanço notável de Angola, facto que merece uma análise detalhada.

02/02/2024  Última atualização 11H56
Economistas, falam de Angola no índice de percepção da corrupção 2023 © Fotografia por: DR
Subindo cinco posições e alcançando 33 pontos numa escala de 100, Angola fixa-se agora na 121.ª posição entre 180 países e territórios avaliados. Este progresso é um indicativo claro do impacto positivo das medidas anti-corrupção implementadas de forma consistente pelo Executivo desde 2019. A melhoria de 14 pontos num período relativamente curto reflecte uma mudança significativa na governança e na transparência em Angola. Para os analistas ouvidos pelo Jornal de Angola, o salto no ranking é particularmente notável no contexto da África subsariana, onde Angola agora se posiciona em 21.º lugar entre 49 países. Este avanço sinaliza uma transformação importante num continente frequentemente assolado por desafios de corrupção e governança. A ascensão de Angola neste índice pode servir como um modelo para outros países da região que lutam para superar obstáculos semelhantes.

Mário Munto Ndala Professor da Faculdade de Economia da UAN
"Avanços significativos e desafios futuros”

O conceito de índice de percepção de corrupção é intrinsecamente filosófico, uma vez que transcende as métricas puramente quantitativas e penetra no domínio da ética, da política e da moralidade. A corrupção, enquanto fenómeno complexo e multifacetado, provoca uma série de questionamentos e reflexões profundas que podem ser examinados sob uma perspectiva filosófica.

Desde uma abordagem ética, a corrupção é vista como uma violação dos princípios morais fundamentais que regem a conduta humana. A filosofia moral questiona a natureza intrinsecamente errada da corrupção, uma vez que envolve a manipulação indevida do poder em detrimento do bem-estar colectivo. Ética deontológica, que se concentra nos deveres e nas obrigações morais, condena a corrupção como uma transgressão flagrante dos princípios éticos.

Por outro lado, a ética consequencialista aborda a corrupção a partir das consequências nefastas que ela pode acarretar, como a desigualdade, a injustiça e a erosão da confiança nas instituições. Nesta perspectiva, a corrupção é condenada não apenas por sua imoralidade intrínseca, mas por suas implicações prejudiciais para a sociedade como um todo.

Na filosofia política, a corrupção é frequentemente analisada à luz do contrato social. Os cidadãos concordam em obedecer às leis e autoridades em troca da protecção dos seus direitos e da promoção do bem comum. A corrupção é percebida como uma traição a esse contrato, minando a confiança nas instituições e comprometendo a legitimidade do governo.

A sociologia também desempenha um papel crucial na compreensão da corrupção e da sua percepção. Ela explora como as normas sociais, as estruturas de poder e as influências culturais moldam a aceitação ou a rejeição da corrupção em diferentes sociedades. A sociologia ajuda a entender porquê a corrupção pode ser tolerada em alguns contextos e amplamente condenada em outros.

Olhando para a perspectiva filosófico do conceito em análise com a recente divulgação do Índice de Percepção da Corrupção de 2023 pela Transparência Internacional, observamos um desenvolvimento notável em Angola.

Se a corrupção é vista como uma violação ética e um desafio ao contrato social, uma melhoria no índice de percepção de corrupção indica um progresso significativo no país. Esse avanço é um sinal de que os esforços para combater a corrupção e fortalecer a integridade institucional podem estar a iniciar a geração dos seus frutos na opinião da amostra da pesquisa. No entanto, é importante lembrar que a luta contra a corrupção é contínua e requer vigilância constante, tanto do governo quanto da sociedade civil, para garantir um progresso sustentável e duradouro na construção de uma sociedade mais justa e ética.

Portanto, o Índice de Percepção da Corrupção de 2023 divulgada pela Transparência Internacional revela um avanço notável de Angola, facto que merece uma análise detalhada. Subindo 5 posições e alcançando 33 pontos numa escala de 100, Angola fixa-se agora na 121.ª posição entre 180 países e territórios avaliados.

José Panzo Economista
"É necessário que o combate à corrupção seja mais inclusivo”

A Transparência Internacional publica o relatório anual Índice de Percepção de Corrupção (TIP), desde 1995, que ordena os países do mundo de acordo com o grau em que a corrupção é percebida a existir entre os funcionários públicos e políticos.

A melhoria de cinco lugares no Índice de Percepção da Corrupção, como indica o relatório de 2023 da organização. Angola melhorou 14 pontos desde 2019, encontrando-se no 121.º lugar num total de 180 países e territórios. Ressalvando, porém, que a pontuação do país continua abaixo da média mundial: 43 pontos.

A actual posição no Índice deve se ao facto de que desde 2017, o executivo liderado pelo Presidente João Lourenço ter introduzido um conjunto de reformas para atacar a corrupção em Angola.

Temos vindo com isso a registar melhorias neste sentido nos últimos anos. Houve melhorias, não tanto do ponto de vista qualitativo, mas essencialmente do ponto de vista quantitativo.

É um facto as medidas anti-corrupção, que têm sido levadas a cabo pelo Executivo, para recuperar os bens e activos retirados da esfera jurídica do Estado Angolano de maneira indevida e a correspondente responsabilização dos autores, através dos sistemas judiciais. E com isso, temos tido já alguns efeitos significativos relativamente às medidas anti-corrupção.

As reformas implementadas no combate à corrupção são o espelho deste efeito no índice, se olharmos, por exemplo, para a legislação de combate à corrupção, incluindo a lei de recuperação de activos, houve melhorias.

Sem algum receio de o dizer, hoje os gestores públicos tem mais cuidado na gestão da coisa pública. Mas, sabemos que isso não significa o fim da corrupção,

Reconhecemos que tem havido mudanças, mas lembrar que o fenómeno corrupção continua a existir no nosso meio, com alguma mutação no "modus operandus".

Pelo que se apela a eficiência, a eficácia e a transparência nos órgãos e os seus pares que têm como função o combate à corrupção.

Gostávamos que o combate à corrupção fosse mais inclusivo, para que todas as forças vivas da sociedade angolana pudessem ter uma palavra a dizer, pelo facto da mesma estar enraizada nas instituições.

Há melhoria, quer na forma, quer nos procedimentos do combate à corrupção. Se olharmos na forma como tem sido abordada a questão da corrupção, de certa forma, tem contribuído para o sofrimento e para a pobreza dos cidadãos. É claro que queremos que tudo o quanto foi retirado ao Estado de forma ilícita volte para a esfera do Estado. Mas, tudo o que for recuperado deve ter um efeito positivo na vida das pessoas, criando todas as condições sociais para dar maior dignidade aos cidadãos.

Daniel Sapateiro Economista
Angola e o Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional

O país subiu 14 pontos desde 2019, devido às medidas anti-corrupção, que aplicou "de forma consistente”, fixando-se no 121.º lugar no Índice de Percepção da Corrupção Internacional, alcançando 33 pontos numa escala que vai de zero aos 100, segundo a edição deste ano, elaborada pela organização não-governamental Transparência Internacional. Na região da África subsaariana, Angola está no 21.º entre os 49 países considerados.

Angola fixou uma estratégia anti-corrupção para o período 2018-2022 e estes esforços, juntamente com outras reformas judiciais, conduziram a recuperação de 3,3 mil milhões de Dólares norte-americanos em activos pelo Fundo Soberano. A investigação e a acção penal interna e no estrangeiro gerou a recuperação de cerca de 7 mil milhões de Dólares norte americanos em activos financeiros e tangíveis.

Esta subida neste ranking tem tido também a contribuição da Ajuda Técnica e Financeira do Fundo Monetário Internacional com a publicação da Lei Anti Branqueamento de Capitais, Financiamento ao Terrorismo e de Armas de destruição em massa: Lei n.º 05/20, de 17 de Janeiro e outras reformas no sector financeiro.

A tendência nos últimos cinco anos traduziu-se numa subida de sete pontos, e considerando os últimos 11 anos, a melhoria é ainda mais significativa: 11 pontos. O grupo internacional do GAFFI que se debruça sobre pontos críticos nos crimes financeiros, conhecidos como crimes de "colarinho branco", tem analisado a economia angolana para poder-se melhorar as boas práticas anti-corrupção e na luta de branqueamento de capitais.

O caminho é de elevar a posição neste ranking e noutros rankings que tenham a ver com o ambiente de negócios. A luta contra a corrupção é um dos desígnios do Estado e dos seus orgãos de soberania, nomeadamente da Justiça, pois quando a Justiça é célere gera confiança para os agentes económicos e mais propensão para o investimento directo interno e externo, criação e manutenção de postos de trabalho, mais arrecadação fiscal, no fundo mais riqueza e a sua melhor distribuição.

Tardeli Maveza Economista
"Precisamos continuar a pontuar mais"

A Subida da Angola no raking do Índice Percepção da Corrupção, fixando-se em 121.° lugar entre 180 países e territórios na região da Africa subsariana, no 21.° entre os 49 países contados, deve-se a melhoria no desempenho do Executivo liderado pelo Presidente da Republica, João Lourenço, que apresentou como bandeira do seu plano de governação o combate à corrupção, por ter entendido que a corrupção é um mal que afecta negativamente a vida económica e social dos cidadãos.

A Transparência Internacional, ONG responsável pela analise de índices de percepção a corrupção (IPC), analisa alguns indicadores entre os vários, nos quais destacou aqueles em que Angola teve uma  melhoria significativa na capacidade de controlar a corrupção e a implementação de mecanismos de integridade do sector público,

Nomeação baseadas em nepotismo versus mérito no sector público, o Uso de cargos públicos para benefícios pessoais sem punição, a redução da burocracia excessiva e por ultimo, o processo criminal efectivo para funcionários públicos.

Este são alguns indicadores em que o país registou melhoria. Neste processo de combate à corrupção, há que destacar o papel da Justiça que tem feito um trabalho de realce. E fruto deste trabalho, temos vários processos instaurados contra gestores públicos, alguns já concluídos e outros ainda em curso, a recuperação de capitais físicos e financeiros para o estado.

É benéfico do ponto de vista internacional e interno. A nível internacional, essa percepção melhora a confiança dos nossos parceiros, do ambiente de negócio e como consequência atrai mais  investimentos estrangeiros.

A nível interno torna as instituições do estado confiável e mais fortes, contribui para o bem-estar social e ao mesmo tempo concorre para a distribuição justa de rendimentos.

Só para ter uma noção dos ganhos, esse conjunto de acções resultou no aresto de vários activos imobilizados no período 2018-2022,  tendo culminado com a recuperação de 3,3 mil milhões de dólares em activos financeiros.

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