Opinião

Um olhar ao sector de Serviços

Juliana Evangelista Ferraz |*

Quando falamos de empresas modernas sobressaem dois aspectos: a forma como através do passado, se prepara o presente para viver o futuro, a maneira como encaram a informação e a sua análise em todo o processo de tomada de decisão.

13/02/2024  Última atualização 08H24

O primeiro prende-se com a noção de tempo e espaço, dimensão importantíssima na medida em que diz respeito ao contexto em que as empresas se inserem e se movimentam. E entendamos aqui tempo e espaço como factores dinâmicos, pois, por mais incrível que pareça, há posições muito contrárias em relação à sua estaticidade e dinamismo.

Se não, vejamos, há um grande número de empresas que sobrevivem sem um rumo claro, com competências desajustadas para enfrentar os desafios da nova economia e sem a mínima noção de tempo. Anos e anos com os mesmos processos, a mesma mentalidade e os mesmos erros. Infelizmente, existem muitos exemplos destas empresas, que terão de empreender uma ruptura com as más práticas do passado e adoptar best pratice, pois grande parte são economicamente viáveis, necessitando apenas de planos de reestruturação que sejam sérios e que tenham em vista a criação de valor sustentado, em sectores com capacidade de geração de riqueza. É nesta perspectiva que o sector de serviços tem ganho uma importância decisiva nas economias mais avançadas, com uma contribuição expressiva no produto e criação de emprego.

Este sector compreende uma panóplia de indústrias, desde a dos transportes, serviços financeiros, telecomunicações, comércio retalhista, distribuição, restauração, sector público etc, e envolve a prestação de serviços entre empresas, bem como de empresas para consumidores finais.

Hoje, mais de 60% da riqueza gerada pela economia mundial provém do sector de serviços. A tendência de crescimento deste sector é justificada no século XXI, pela explosão demográfica mundial, e prevê-se que a população do planeta irá atingir o número de 10 biliões nos próximos 25 a 30 anos. Segundo Henri Leridon, especialista em Demografia, esta possível aceleração ao crescimento da população mundial, poderá pôr em causa o desenvolvimento e a sustentabilidade da existência humana, pois, com este nível de densidade populacional, prevê-se uma pressão excessiva sobre os recursos naturais e ambientais, com impactos dramáticos nas economias.

O crescimento do sector terciário (ST) não depende unicamente da densidade populacional, mas é fortemente influenciado pela Demografia, uma vez que à medida a que as populações atingem níveis de rendimentos consideráveis, vêem-se necessitadas a aceder a um conjunto de bens e serviços que anteriormente não usufruíam, em razão da restrição causada pelo nível de rendimento.

Outro factor catalisador na aceleração do ST é a gestão do conhecimento e inovação tecnológica – nunca na história da humanidade se investiu assim e passamos, gradualmente, de uma economia de perfil industrial para uma do conhecimento, em que a matéria-prima é o saber. As áreas do conhecimento científico abrem a oportunidade para a criação e desenvolvimento de novos serviços, criando oportunidades de emprego. A análise da evolução do ST permite observar duas realidades distintas:

- A decorrente dos países desenvolvidos, em que o ST tem uma elevada participação na economia, marcada pelo estilo de vida elevado dos cidadãos, com rendimentos elevados, e sofisticação da organização económica. Portanto, uma indústria com forte capacidade criadora e de distribuição de riqueza. Por outro lado, quanto às economias em desenvolvimento, podemos verificar um ST tímido, marcado por problemas estruturais variáveis, como desemprego e fraca capacidade de gerar e de distribuir renda para os cidadãos e famílias. Podemos mesmo afirmar que grande parte do crescimento anémico nestes países provém também desta caracterização.

Em relação ao contexto da comunidade para o desenvolvimento dos países da África Austral (SADC), a situação da fraca capacidade do sector de serviços tem vindo a melhorar. Segundo o estudo publicado pela academia das ciências americana, concluiu-se que, durante as duas últimas décadas, se registou uma evolução positiva na atracção de investimento estrangeiro para as principais economias desta zona, atraindo mais investimento que qualquer outra  em desenvolvimento, isto numa base percapita.

Estes avanços são importantes para a consolidação das economias e desenvolvimento do sector terciário.

*Economista    

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