Opinião

Entre a Sabedoria e a Ignorância

Mário Ndala

Num mundo saturado de informação e conhecimento à disposição de todos, a escolha entre iluminar a mente ou mergulhar na escuridão da ignorância torna-se cada vez mais evidente.

31/03/2024  Última atualização 11H03

A ignorância, muitas vezes, é escolhida não por falta de acesso ao conhecimento, mas como um pincel para pintar o ego com as cores da arrogância e da certeza infundada. Este é o cenário sobre o qual desenhamos a reflexão de hoje: a urgência de abandonarmos a ignorância como adorno dos nossos egos.

A vida oferece-nos um espectro amplo de cores com as quais podemos pintar a nossa existência. Entre elas, a cor da sabedoria é, sem dúvida, a mais vibrante e duradoura. No entanto, alguns escolhem a cor da ignorância, acreditando que, com ela, podem cobrir as imperfeições e lacunas do seu saber. Esquecem, porém, que essa escolha deixa marcas indeléveis, não apenas na tela das suas vidas, mas também na forma como o mundo os percebe.

O ego, quando inflado pela ignorância, torna-se um balão opaco que impede a luz do conhecimento de penetrar. Esse ego, pintado com pinceladas de teimosia e vaidade, distancia-nos da verdadeira essência da aprendizagem, que é reconhecer que, no vasto oceano do saber, somos eternos aprendizes. A humildade, neste contexto, surge como o diluente que limpa o pincel e nos permite escolher novas cores para a nossa paleta, cores que reflectem o brilho da curiosidade e do entendimento.

É comum encontrar indivíduos que usam a ignorância para fortalecer posições, argumentos e até mesmo identidades. Armados com certezas inflexíveis, eles percorrem caminhos que, embora confortáveis, são estreitos e limitados. A verdadeira coragem, porém, reside em desafiar o próprio ego, em admitir que não se sabe tudo e que o aprendizado é um processo contínuo e enriquecedor.

Pintar o ego com a ignorância é como escolher caminhar num labirinto escuro, ignorando as saídas iluminadas que a sabedoria proporciona. É uma escolha que leva à solidão intelectual e ao isolamento emocional, pois poucos desejam compartilhar da companhia de quem se orgulha de não saber.

Portanto, que possamos escolher as cores da nossa paleta com sabedoria, dando preferência àquelas que iluminam, que conectam e que nos tornam mais humanos. Que a humildade seja a base sobre a qual pintamos o nosso desenvolvimento pessoal e profissional, reconhecendo que a verdadeira grandeza está na capacidade de aprender, desaprender e reaprender.

Ao final, que o nosso ego não seja um monumento à nossa ignorância, mas um reflexo luminoso da nossa incessante busca pelo conhecimento. Que possamos pintá-lo com as cores da compreensão, do respeito e, acima de tudo, da consciência de que, no grandioso mural da existência, somos todos artistas em aprendizagem.

 

7/3/2024

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