Opinião

O quadro económico e social e a apetência para o investimento

António Cruz *

Director Executivo-Adjunto

O quadro macro económico nacional esteve em evidência durante a semana finda em Washington, Estados Unidos da América. A cidade acolheu, entre os dias 15 e 20 de Abril, importantes acontecimentos ligados à economia mundial.

21/04/2024  Última atualização 08H25

As reuniões de primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional juntam todos os anos, nesta cidade, governos, bancos centrais, parlamentares, executivos do sector privado, representantes de organizações da sociedade civil e académicos para discutirem assuntos globais de interesse comum.

A tónica recai, essencialmente, para matérias de índole económica e fiscal, mas também de ordem social, como o combate à pobreza, o ambiente e o desenvolvimento sustentável, financiamentos e a forma de gestão das ajudas.

Estes encontros apresentam-se como oportunidades soberanas para os países fazerem ouvir a sua voz a respeito de assuntos que precisam de ver solucionados com apoios ou parcerias, num espirito de unidade.

Angola, como o faz a alguns anos, fez-se representar com uma delegação multissectorial, integrando os ministérios das Finanças, do Plano, dos Transportes, o Banco Nacional de Angola e o Fundo Soberano Angolano.

A grande novidade este ano foi a integração de um sector da economia real, por meio da administração delegada do consórcio gestor do gigantesco projecto do Corredor do Lobito.

Angola levou para as reuniões, que acontecem em torno dos eventos centrais, preocupações relacionadas com a necessidade de investimentos para projectos que assentam na linha de prioridades do Executivo, além da apresentação, de forma transparente, do estado dos programas que já beneficiam dos apoios do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional e de outras organizações parceiras.

Neste ponto, foi destacável o reconhecimento das reformas que o Governo tem estado a empreender quer do ponto de vista social, quer do ponto de vista financeiro.

O subsecretário do Tesouro norte-americano referiu que as reformas em curso em Angola permitiram poupar 125 milhões de dólares por ano. Um outro encorajamento muito especial veio do Banco Mundial, que considerou Angola no bom caminho relativamente ao desenvolvimento do capital humano.

Pesou para esta apreciação a implementação pelo Executivo de uma série de medidas sociais para melhorar as condições de vida da população. Entre estas, a reabilitação e construção de mais unidades hospitalares, algo que o Presidente da República assumiu, recentemente, como uma das maiores apostas do seu mandato, vindo mais humanização dos serviços e a melhoria na assistência médica e medicamentosa. Inserem-se, também, nestas medidas as acções para melhorar e reduzir os níveis de desnutrição, considerando os efeitos que têm sobre a capacidade de aprendizagem das crianças e aumentar e expandir a capacidade de imunização através do aumento da vacinação das crianças.

A educação também entrou nas contas, em função dos avanços na construção de mais infra-estruturas escolares e outras acções para a melhoria da qualidade de ensino, além de proporcionar a possibilidade de mais crianças terem acesso à escola.

A oportunidade permitiu mostrar outros projectos de grande monta, como o Corredor do Lobito, cujas potencialidades são por demais reconhecidas. O que poucos dominavam era a dimensão do projecto no tocante a outras envolventes pouco visíveis, como as estradas, os aeroportos, as plataformas logísticas, as infra-estruturas sociais, como escolas e hospitais, e de apoio ao agronegócio que devem ser erguidas ao longo do trajecto.

Estes projectos, o desempenho económico financeiro e fiscal, o quadro político e regulatório confirmaram o ambiente favorável em Angola para investir. Levados ao conhecimento dos investidores em fórum realizado no âmbito das reuniões de primavera, atiçaram a curiosidade de muitos homens de negócios e de países parceiros que passaram a olhar para Angola com outros olhos.

No encontro com o Grupo de Consultores Africano, que versou sobre soluções para electrificação no continente, o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga referiu que, para além dos esforços e apoios desta instituição, é preciso que os africanos estejam unidos para se ajudarem mutuamente e Angola esta numa posição estratégica para a materialização desta perspectiva. O trabalho com a Zâmbia para a construção de um oleoduto para que o petróleo deste país passe por Angola antes de atingir outros pontos é um exemplo de solidariedade entre os africanos, isso para não falar do Corredor do Lobito e as relações que tem com a Zâmbia e com a República Democrática do Congo.

 
*Director Executivo-Adjunto

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