Cultura

Museu Regional da Huíla aposta nas novas tecnologias

Domingos Mucuta | Lubango

Jornalista

O Museu Regional da Huíla prepara, para breve, o lançamento de um site com objectivos de divulgar as actividades culturais pelas novas tecnologias de informação e atrair mais turistas e amantes da cultura da região Sul de Angola, anunciou, a directora da Instituição.

25/04/2024  Última atualização 14H05
Acervo etnográfico da instituição atraiu 700 visitantes por mês no primeiro trimestre do ano © Fotografia por: Arimateia Baptista | edições novembro

Por via de uma plataforma digital, de acordo com Angelina Sacalumbo, em declarações ao Jornal de Angola, à margem da cerimónia de entrega da partitura da música "Umbi Umbi” pela dupla CF e AB, o site está a ser criado em parceria com  a Mediateca do Lubango. O responsável referiu que a ideia da criação do site faz parte da estratégia da adaptação e contextualização da instituição museológica, às novas tecnologias de informação. O foco, disse, é aumentar a visibilidade e melhorar a comunicação do Museu, que tem um acervo etnográfico estimado em mais de mil e quinhentas peças. O espólio, frisou, representa os hábitos, usos e costumes dos povos da Huíla, Namibe, Cuando Cubango e Cunene.

A directora garantiu que o lançamento do site vai contribuir para a divulgação da existência do Museu e, sobretudo das agendas culturais, por entender que o museu precisa adaptar-se às dinâmicas de digitalização da informação no contexto nacional e mundial.

"No site, poderemos divulgar as nossas actividades, visitas guiadas. Isso vai fazer com que a instituição seja conhecida por mais pessoas e, consequentemente atrair mais visitantes nacionais e estrangeiros interessados em conhecer o acervo etnográfico”, afirmou.

A directora disse que o site ainda "não prevê a divulgação digital das peças”, porque requer ponderação e adequação desta decisão a uma legislação específica por ser elaborada e aprovada a nível de Ministério da Cultura.

Angelina Sacalumbo acrescentou que a digitalização e divulgação do acervo etnográfico no digital, sobretudo na internet, está fora de questão no momento até a criação de condições legais que autorizem um museu virtual.

"Esta é uma questão ainda em estudo por conta da utilização indevida das peças para a produção de cartazes para fins lucrativos. Por outro lado, ainda é proibida pelo Código de Ética do Conselho Internacional de Museus (ICOM), porque há indivíduos que podem aproveitar algumas peças para tirar dividendos financeiros”, afirmou.

Trajes típicos destacam simbolismo da região

Uma boneca com as indumentárias típicas da região Sul de Angola, como uma saia de ovilambo, missanga aplicadas como adornos na cintura e no pescoço, bem como um penteado de Ngundi, que destaca o simbolismo dos costumes das comunidades na preservação da cultura é a temática escolhida como objecto da exposição itinerante do Museu Regional da Huíla.

No contexto histórico, a boneca, de acordo com o texto de apoio, é um objecto que está a representar os nativos da região sul. Na peça, pode ser observada a pegar o pilão com duas mãos, em que tritura o milho ou massango para ser transformado em farinha.

A estatueta com cerca de 51 centímetros de altura e 20 de largura foi a escolha do mês de Março. A directora do Museu Regional da Huíla explicou que a escolha da figura foi feita com o objectivo de realçar o valor e o papel da mulher nos mais diversos campos da vida em sociedade.

"Temos em exposição a estatueta de uma mulher a preparar a farinha para alimentar a família. O papel da mulher para a preservação dos membros de uma família. A peça em exposição é uma representação dos hábitos e costumes das mulheres de como preparam a farinha, num almofariz, um utensílio amplamente utilizado na região Sul do país”, disse.

A gestora da instituição referiu que a peça enfatiza o envolvimento das senhoras no processo de transformação de produtos do campo em pequena escala, sobretudo para o consumo doméstico, nas zonas rurais, em que o almofariz serve de alternativa à falta de moagens.

A directora do Museu Regional da Huíla explicou que cada um dos elementos que compõem a peça representa hábitos, usos e costumes dos povos das províncias da Huíla, Cunene, Namibe e Cuando Cubango, na preparação de milho, massango e massambala. "Cada um dos elementos da peça é encontrado e usado de forma particular, pelos diferentes grupos e subgrupos destas quatro províncias que compõem a região Sul do país. É uma peça com detalhes típicos dos povos Nhaneka Humbe, Nganguela, Ovambo e Mukubal”, referiu.

A peça vai ser substituída por outra ainda em análise para simbolizar a paz efectiva em Angola e a força da juventude para o desenvolvimento nacional, no âmbito do mês de Abril.

Angelina Sacalumbo referiu que no mês de Fevereiro, o Museu tinha como amostra uma catana, para assinalar a Luta de Libertação Armada do jugo do colonialismo. Em Janeiro, foi a enxada que simbolizou a preparação de terras aráveis para a plantação de diversas culturas.

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